São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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JUCA KFOURI

Um balanço do nosso esporte


Tudo bem pesado, somado e subtraído, 2006 até que foi bom, tirante o futebol e o basquete nos Mundiais


PRIMEIRO UMA boa notícia para nós dois, você, raro leitor, e eu, ralo colunista: esta é a última coluna do ano. A próxima somente em 28 de janeiro de 2007.<
Portanto, desde já, feliz Ano Novo e boas férias. E, agora, um balanço sumário do esporte nacional no ano da graça que está por acabar. A começar pelo futebol. O que foi maior: o fiasco da seleção brasileira na Copa do Mundo ou as conquistas do Internacional na Libertadores e no Mundial? Talvez por causa do espírito natalino, fico com as façanhas gaúchas. Não que o fiasco tenha sido pouca coisa, porque não foi mesmo. E não porque o hexacampeonato não veio, mas pela forma como se perdeu na Alemanha.
Algo comparável, aliás, ao vexame do basquete masculino no Mundial do Japão, de quem não se exigia nada além de uma participação digna, que não houve. Já o basquete feminino fez sua parte, o seu possível no Mundial realizado em São Paulo. O vexame, aqui, ficou por conta das goteiras no ginásio do Ibirapuera, algo de fazer corar. Em compensação, o vôlei mais uma vez brilhou.
Tanto os homens quanto, sem paternalismo, as mulheres. Os homens por não terem deixado pedra sob pedra, impecáveis, fabulosos, bicampeões mundiais. Deles não se espera mais nada, nada mais pode ser cobrado, a não ser o bicampeonato olímpico... E quem pode duvidar de Giba, de Ricardinho, de Bernardinho, de todos eles? As mulheres se comportaram quase no mesmo nível, com um vice-campeonato mundial que pode ter sido o último degrau antes da sonhada medalha de ouro olímpica, em Pequim.
E tem tudo para ser sob o comando de outro treinador monstruosamente competente, José Roberto Guimarães. E teve os irmãos Hypólito, Daiane dos Santos outra vez nas alturas, e Marílson dos Santos surpreendente na Maratona de Nova York, para não falar do piloto Felipe Massa, enfim um brasileiro que vence em Interlagos o GP Brasil de F-1 no mítico carro vermelho da Ferrari.
O esporte brasileiro festeja, ainda, a aprovação da Timemania e a Lei de Incentivo Fiscal. Aí não há espírito natalino que resista, que dê jeito. Seriam duas boas medidas, se exigissem um mínimo de contrapartidas da parte dos que vão se beneficiar na administração da dinheirama sem fim. Porque não custa repetir que o problema de nosso esporte é antes de gestão do que de falta de recursos.
Basta dizer que somente no governo Lula as loterias da Caixa Econômica Federal repassaram mais de R$ 1 bilhão ao esporte. É muito? Não sei. Mas sei que pouco não é. O que mais se repete é que não haverá como, por exemplo, o dinheiro da lei de incentivo ir parar no futebol porque está dito que é proibido. Mas basta ler o texto legal para comprovar que não existem formas de controlar que não vá. Uma coisa é o que está escrito, outra é como a prática se dá quando a fiscalização é frouxa. Recursos serão captados como se fossem para ginástica olímpica e terminarão nos bolsos dos milionários treinadores de futebol.
Comemora-se, ainda, a possível Copa do Mundo de 2014 no país, candidatura formalmente oficializada perante a Fifa, com o que Joseph Blatter livra-se de ter Ricardo Teixeira como rival nas eleições do ano que vem na entidade. Será outra farra, ainda mais agora, desde já, com a concorrência colombiana, que mais parece uma combinação do que uma traição.

blogdojuca@uol.com.br


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