São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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Esporte aperta cerco a YouTube

Maiores ligas do mundo pedem retirada de vídeos e estudam ações judiciais para garantir direitos

Liga norte-americana de hóquei já entrou em acordo, mas NBA pode ir à Justiça para defender propriedade de imagens de seus torneios

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco mais de um ano após sua criação, o YouTube, principal site de compartilhamento de vídeos pela internet, já incomoda a direção dos principais eventos esportivos do planeta.
Os maiores campeonatos europeus de futebol, bem como as principais ligas dos EUA (NBA, NFL e MLB), estudam formas de serem reembolsados pela veiculação livre de imagens de suas competições, que são protegidas por direitos autorais.
"Em termos gerais, a maioria dos esportes quer permitir que os torcedores assistam aos teipes de suas competições. Mas é preciso que haja um controle das licenças e que sejam respeitados contratos de exclusividade já existentes", disse à Folha Christopher Stokes, diretor-executivo da NetResult, escritório especializado em proteção ao direito autoral on-line.
A companhia trabalha para as ligas da Inglaterra e da Alemanha, a Copa dos Campeões e a da Uefa, além da F-1 e do Torneio de Roland Garros, entre outros. Atuou ainda para a Fifa, o Comitê Olímpico Internacional e o Campeonato Francês.
Para o especialista, a veiculação livre dos conteúdos fere uma premissa básica das ligas: a liberdade de escolher onde divulgar suas imagens.
"Elas têm o direito de decidir se querem ter parceiros como YouTube e Google ou se gostariam de distribuir os vídeos em seus próprios sites ou nos dos clubes", declarou Stokes.
O escritório contabilizou cerca de mil vídeos de seus clientes disponíveis no YouTube sem autorização. Segundo Stokes, isso é só a ponta do iceberg, pois pesquisa mais cuidadosa encontraria número bem maior de casos. "É importante que os sites respeitem os direitos de imagem e só incluam conteúdos os quais detenham permissão de exibir", disse.
Por enquanto, segundo ele, as ligas estudam que medidas tomar. A via judicial não está descartada, e a iniciativa já foi anunciada como provável para o Campeonato Alemão e para o Bayern de Munique, clube mais popular do país.
Mais cauteloso, o Campeonato Inglês somente requereu a retirada de suas imagens do ar -ainda não foi atendido. Mas um porta-voz da liga inglesa foi mais incisivo, afirmando que "a propriedade intelectual está sendo infringida".
O movimento de insatisfação não está restrito aos campos europeus. Nas arenas americanas, os incomodados se mexem. A NHL foi quem se adiantou no assunto. Em novembro, a liga norte-americana de hóquei foi a primeira a assinar acordo com o YouTube e liberar seus vídeos -detalhes do acerto não foram divulgados.
"A NHL proporcionará aos fãs do hóquei em geral uma ampla seleção de vídeos gratuitos de curta duração", afirmou a liga, em comunicado oficial.
A NBA, por outro lado, já solicitou a retirada das imagens de seus campeonatos do ar. O pedido não foi levado a sério. Em uma busca rápida, é possível encontrar alguns dos principais lances das finais da liga de basquete no YouTube.


Com agências internacionais

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