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batida perfeita
Performance é afetada por música, diz pesquisa
Atividades pedem ritmos específicos, que ajudam até a inibir sensação de fadiga
Hábito difundido entre
esportistas pode fazer diferença também para os amadores, diz estudo de Universidade da Inglaterra
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Todos os dias, cada vez que
apontava atrás do bloco de partida, os fones de ouvido estavam lá, companheiros inseparáveis, levando a batida do rap a
seus ouvidos e a seu cérebro.
Não é exagero dizer que Michael Phelps conquistou seus
oito ouros em Pequim e estabeleceu a mais avassaladora performance da história das Olimpíadas embalado por música.
O hábito que parece banal e é
repetido por muitos outros esportistas, no entanto, pode ser
ingrediente importante, até decisivo, nas engrenagens que fazem do americano o maior nadador de todos os tempos.
Ouvir a música certa, antes
ou durante a atividade atlética,
pode ajudar a melhorar a performance. Estudo da Universidade de Brunel, na Inglaterra,
mapeou as ações do som no
corpo humano durante os exercícios e chegou a uma lista de
canções que podem dar um empurrãozinho aos esportistas.
"Sincronizar os movimentos
ajuda a obter uma performance
melhor. Em um de nossos recentes estudos, pessoas que pedalaram no ritmo usaram 7%
menos oxigênio. A música tem
o potencial de fazer você usar
sua energia na prática esportiva de forma mais eficiente", diz
Costas Karageorghis, professor
associado de psicologia esportiva, em entrevista por e-mail.
Outro efeito da música é chamado de desassociação -capacidade de distrair a mente e alterar a percepção.
"Uma música pode inibir
sensação de fadiga e fazer o
atleta sentir mais prazer. Pesquisas mostram que a desassociação reduz em 10% a percepção do esforço feito em uma
corrida de intensidade moderada", diz o pesquisador.
Phelps é um exemplo de como funciona a influência da
música. Em Pequim, antes das
provas, ouvia o rap de Young
Jeezy. "Quebrei meu primeiro
recorde mundial ouvindo música. Isso me deixou diferente
na piscina, agitado. Não pensei
em nada a não ser em nadar",
disse a uma TV americana.
Para encontrar o som ideal,
Karageorghis criou um questionário que aplica aos atletas
-já soma mais de 1.200 títulos.
Uma das principais preocupações é casar a atividade esportiva com as bpm (batidas
por minuto da música).
Canções com 130 a 150 bpm,
por exemplo, são ideais para
prática de exercícios mais intensos, como corrida. Caminhadas a 5 km/h pedem músicas com cerca de 100 bpm.
O etíope Haile Gebreselassie,
recordista mundial da maratona, usou essa tática para superar outro recorde. Ele percebeu
que, se corresse no ritmo de
"Scatman", de John Scatman,
seria o mais rápido dos 2.000
m. Em uma competição em Birmingham, pediu para o sistema
de som tocar a música durante
a prova. Atingiu seu feito.
A brasileira Daiane dos Santos também usa os benefícios
do som. Além de ser fã de samba, ela acredita que ritmos como o de "Brasileirinho" ajudam
em sua performance no solo.
"Com uma música que empolga eu me sinto mais solta,
mais feliz. Com ritmos mais
lentos, parece que faço os movimentos mais forçados", afirma.
Até os tradicionais judocas
do Japão já se renderam. Em
sua passagem pelo país antes da
Olimpíada, o brasileiro Leandro Guilheiro se espantou ao
encontrar os aparelhos de som
ligados durante o aquecimento,
antes totalmente silencioso.
A escolha, porém, não precisa ser só pelo ritmo. A ligação
afetiva também conta. Natália
Falavigna, por exemplo, ouve
música gospel. Em Pequim, só
tirou os fones para entrar na luta. Foi bronze no taekwondo.
Ouça a lista de músicas
para esportistas
www.folha.com.br/083581
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