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Porteiro do clube relembra anos dourados
DA REPORTAGEM LOCAL
"Há alguns anos, aqui era
animado até de madrugada.
Hoje, me dá tristeza ver o salão
tão vazio."
A opinião não é de apenas um
freqüentador, mas de um dos
mais assíduos personagens do
Clube de Xadrez de São Paulo
em seus 106 anos de história.
Virgílio Agostinho Oliveira,
78, é porteiro da entidade desde
1953, quando o clube se localizava na rua 24 de Maio.
Hoje, 55 anos depois e já aposentado, "seu Virgílio", como é
conhecido, segue trabalhando
no clube todos os dias, mesmo
que, devido aos problemas financeiros, seus salários estejam atrasados há vários meses.
Nos anos 60, ele atendia interessados em usar os serviços da
barbearia do local. Também recepcionava famílias da elite
paulistana que almoçavam no
restaurante Torre de Prata, no
quarto andar da sede da rua
Araújo, que depois passavam as
tardes jogando xadrez e bridge.
Nessa época, mais de 400 enxadristas freqüentavam regularmente o Clube de Xadrez de
São Paulo, contra os cerca de 40
sócios que existem atualmente.
Durante cinco décadas, Oliveira viu passar pelo CXSP vários campeões mundiais, como
os russos Boris Spassky e Anatoly Karpov, considerados dois
dos maiores jogadores de xadrez de todos os tempos.
"As pessoas enchiam o clube
para ver os grandes mestres. A
garotada hoje em dia conhece
os campeões pela internet."
Sobre a situação atual, ele
acha que a crise que ameaça fechar as portas do CXSP ocorre
pela falta de torneios. "Ninguém paga mensalidade para
vir ao clube e não ter parceiro
para jogar", afirma.
"Já vi o Clube de Xadrez de
São Paulo em dias bons e em
dias ruins. Mas esta, com certeza absoluta, é a pior época de
todas", lamenta o porteiro.
(CA)
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