São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Vancouver tem de "importar" neve para salvar Jogos

Cidade canadense, que recebe Olimpíada de Inverno no mês que vem, é forçada a recorrer a plano de emergência

Organização transporta neve de áreas elevadas e usa base de palha no traçado de pistas de snowboarding e de seis modalidades de esqui

JOHN BRANCH E IAN AUSTEN
DO "NEW YORK TIMES"

Depois de sete anos de preparativos e gastos da ordem de US$ 2 bilhões, os organizadores já estão com quase tudo pronto para a Olimpíada de Inverno que começa no mês que vem em Vancouver, Canadá.
Exceto a neve.
Uma escassez de neve, bem como previsões meteorológicas negativas que não mostram nem mesmo um floco no futuro próximo -e temperaturas quentes demais para que se possa produzir neve com máquinas-, forçaram os organizadores a recorrer ao plano de emergência para o complexo de Cypress Mountain, onde seis modalidades de esqui e snowboarding devem ocorrer.
Os Jogos seguirão adiante, mas não sem grandes manobras. Neve, parte da qual artificial, produzida e armazenada durante a temporada de frio mais intenso, será trazida de locais de elevação maior, por terra e pelo ar (de helicóptero).
Em certas provas, palha e madeira serão usadas como base para pistas, e a neve apenas cobrirá a área de competição.
"Trata-se do curso de ação normal em condições de temperatura temperada, e dispomos de toda a tecnologia, equipamento, pessoal e conhecimento especializado necessários a que os Jogos se realizem", disse Cathy Priestner Allinger, vice-presidente executiva de operações esportivas e de competição do comitê organizador.
Existe neve abundante e temperaturas baixas o suficiente para outras modalidades disputadas ao ar livre, como as provas de esqui nórdico e alpino, que serão em Whistler, ao norte de Vancouver.
Mas, pelo menos por enquanto, não há neve suficiente para as provas de snowboarding e três dos eventos de esqui.
Cypress Mountain é um local bem próximo a Vancouver, um trajeto de apenas 30 minutos do centro da cidade em uma das linhas municipais de ônibus.
Mas há muito existiam dúvidas sobre a viabilidade de utilizar o local para sediar eventos olímpicos, dado o clima relativamente ameno de Vancouver e a tendência da região a ter chuvas e nevoeiro no inverno.
As críticas se intensificaram depois que provas de teste foram realizadas em fevereiro do ano passado, e o evento de slalom gigante, paralelo do snowboard, precisou ser cancelado porque as condições locais da neve eram precárias. Funcionários do comitê organizador dos Jogos afirmaram que usariam aquele episódio como experiência de aprendizado. Cypress Mountain foi fechada ao público na semana passada, para ajudar a preservar a neve no local. Mas as mais recentes previsões meteorológicas indicam que não haverá neve e que as temperaturas serão amenas nas próximas semanas -os Jogos começam no dia 12.
Quase todas as cidades que recebem Jogos de Inverno temem uma seca inesperada ou uma frente quente capaz de ameaçá-los. Planos de emergência são sempre preparados.
Mas as ocasiões em que se provaram necessários foram raras.
Em 1998, Nagano, no Japão, tornou-se a cidade de latitude mais baixa a sediar uma Olimpíada de Inverno, e havia graves preocupações sobre o volume de neve. No fim, porém, houve neve demais.
A última ocasião em que a falta de neve forçou uma cidade a adotar medidas drásticas foi em 1964, na Olimpíada de Innsbruck, Áustria, de acordo com David Wallechinsky, autor de "The Complete Book of the Winter Olympics". Foi o Exército austríaco quem salvou a situação, talhando blocos de gelo para a pista de bobsled e transportando dezenas de milhares de metros cúbicos de gelo para os eventos de esqui alpino.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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