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Vancouver tem de "importar" neve para salvar Jogos
Cidade canadense, que recebe Olimpíada de Inverno no mês que vem, é forçada a recorrer a plano de emergência
Organização transporta neve de áreas elevadas e usa base de palha no traçado de pistas de snowboarding e de seis modalidades de esqui
JOHN BRANCH E IAN AUSTEN
DO "NEW YORK TIMES"
Depois de sete anos de preparativos e gastos da ordem de
US$ 2 bilhões, os organizadores
já estão com quase tudo pronto
para a Olimpíada de Inverno
que começa no mês que vem em Vancouver, Canadá.
Exceto a neve.
Uma escassez de neve, bem
como previsões meteorológicas negativas que não mostram
nem mesmo um floco no futuro
próximo -e temperaturas
quentes demais para que se
possa produzir neve com máquinas-, forçaram os organizadores a recorrer ao plano de
emergência para o complexo de
Cypress Mountain, onde seis modalidades de esqui e snowboarding devem ocorrer.
Os Jogos seguirão adiante,
mas não sem grandes manobras. Neve, parte da qual artificial, produzida e armazenada
durante a temporada de frio mais intenso, será trazida de locais de elevação maior, por terra e pelo ar (de helicóptero).
Em certas provas, palha e
madeira serão usadas como base para pistas, e a neve apenas
cobrirá a área de competição.
"Trata-se do curso de ação
normal em condições de temperatura temperada, e dispomos de toda a tecnologia, equipamento, pessoal e conhecimento especializado necessários a que os Jogos se realizem",
disse Cathy Priestner Allinger,
vice-presidente executiva de
operações esportivas e de competição do comitê organizador.
Existe neve abundante e
temperaturas baixas o suficiente para outras modalidades disputadas ao ar livre, como as
provas de esqui nórdico e alpino, que serão em Whistler, ao
norte de Vancouver.
Mas, pelo menos por enquanto, não há neve suficiente
para as provas de snowboarding e três dos eventos de esqui.
Cypress Mountain é um local
bem próximo a Vancouver, um
trajeto de apenas 30 minutos
do centro da cidade em uma das linhas municipais de ônibus.
Mas há muito existiam dúvidas sobre a viabilidade de utilizar o local para sediar eventos
olímpicos, dado o clima relativamente ameno de Vancouver
e a tendência da região a ter chuvas e nevoeiro no inverno.
As críticas se intensificaram
depois que provas de teste foram realizadas em fevereiro do
ano passado, e o evento de slalom gigante, paralelo do snowboard, precisou ser cancelado
porque as condições locais da
neve eram precárias. Funcionários do comitê organizador
dos Jogos afirmaram que usariam aquele episódio como experiência de aprendizado.
Cypress Mountain foi fechada ao público na semana passada, para ajudar a preservar a
neve no local. Mas as mais recentes previsões meteorológicas indicam que não haverá neve e que as temperaturas serão
amenas nas próximas semanas
-os Jogos começam no dia 12.
Quase todas as cidades que
recebem Jogos de Inverno temem uma seca inesperada ou
uma frente quente capaz de
ameaçá-los. Planos de emergência são sempre preparados.
Mas as ocasiões em que se provaram necessários foram raras.
Em 1998, Nagano, no Japão,
tornou-se a cidade de latitude
mais baixa a sediar uma Olimpíada de Inverno, e havia graves preocupações sobre o volume de neve. No fim, porém, houve neve demais.
A última ocasião em que a
falta de neve forçou uma cidade
a adotar medidas drásticas foi
em 1964, na Olimpíada de Innsbruck, Áustria, de acordo com
David Wallechinsky, autor de
"The Complete Book of the
Winter Olympics". Foi o Exército austríaco quem salvou a situação, talhando blocos de gelo
para a pista de bobsled e transportando dezenas de milhares
de metros cúbicos de gelo para os eventos de esqui alpino.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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