São Paulo, quarta, 26 de fevereiro de 1997.

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FUTEBOL
Conselheiro Ives Gandra Martins quer apuração da montagem da fita que causou expulsão de ex-presidente
São Paulo pode reabrir `caso Pimenta'

Luiz Carlos Murauskas - 14.fev.97/Folha Imagem
O atacante Marques, do São Paulo, durante coletivo da equipe no centro de treino da Barra Funda


MARCELO DAMATO e
LUIZ CESAR PIMENTEL
da Reportagem Local

O advogado Ives Gandra Martins vai propor amanhã ao Conselho Deliberativo do São Paulo a revisão do processo que resultou na expulsão do ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta do conselho, em novembro de 1994.
O presidente do órgão, Paulo Planet Buarque, afirmou que a proposta poderá implicar na convocação de uma sessão extraordinária do conselho.
Pimenta, presidente entre 1990 e 1994, foi expulso em consequência da divulgação de uma fita gravada pelo intermediário de venda de jogadores Francisco Monteiro (``Todé''), em 1991.
Nessa fita, tornada pública em outubro de 1994 (seis meses após o fim de seu mandato), Pimenta supostamente negocia uma comissão na venda do atacante Mario Tilico com o Logro¤és. O jogador jamais atuou por esse clube.
``Não se pode jogar ninguém na rua sem provas muito claras'', afirma Gandra Martins. ``É preciso apurar toda a verdade. Por que a fita foi adulterada? A quem interessava isso? Por que o Todé continuou a fazer negócios com o São Paulo depois desse episódio, se a fita o coloca como corruptor?''
Gandra se baseia no laudo do Laboratório de Fonética Forense da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que afirma que há evidências de que houve montagem.
Apesar desse laudo, Pimenta perdeu a ação de difamação que moveu contra Monteiro. O juiz afirmou que o réu não teve intenção de difamar.
``O juiz deixou de lado a maioria das provas que atestam que Monteiro difamou Pimenta para diretores e funcionários do clube. Até as testemunhas indicadas por Todé afirmaram isso'', afirmou Aloísio Lacerda Medeiros, advogado de Pimenta.
Segundo Medeiros, a perícia da fita não era necessária porque em processos por difamação (imputar a alguém fato que atinja sua honra) não interessa se afirmação que gera o processo é verdadeira ou não.
Mágoa
Pimenta disse que a partir de agora pretende reconstruir sua imagem.
``Gostaria de ver minha reputação resgatada. Naquela época, fui atacado sem poder me defender'', disse a pessoa que comandou o clube na época de suas maiores conquistas, o bicampeonato da Taça Libertadores da América e do Mundial interclubes (1992-93).
Sobre a frase gritada pelos torcedores são-paulinos em crítica à atual diretoria do clube -``Pimenta ladrão, São Paulo campeão''-, ele afirmou: ``Entendo que eles têm boa vontade comigo, mas elogios desse tipo eu, sinceramente, dispenso.''

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