CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A Superliga Nacional tem confirmado a máxima que reina no vôlei brasileiro há mais de dez anos: com os levantadores Fernanda Venturini e Maurício inspirados, fica difícil ganhar do time deles.
O Telemig/Minas, de Maurício, está invicto há 21 jogos. O Vasco, de Fernanda, só tem duas derrotas em 17 partidas.
Com campanhas tão perfeitas, os dois times garantiram, por antecipação, o primeiro lugar na fase classificatória. O Minas pode ir além: se vencer o Palmeiras, na quinta, igualará o recorde do Olympikus, que venceu os 22 jogos da primeira fase na temporada 98/99 da Superliga .
Além da precisão, habilidade, velocidade de raciocínio e distribuição perfeita de bolas, o que chama atenção é a personalidade desses levantadores. Eles não têm a menor dúvida do próprio talento. Pelo contrário: sabem que são bons e não se escondem atrás de falsas modéstias.
Quando foi convocado pela primeira vez para a seleção, em 1987, pelo então técnico Young Wan Sohn, Maurício já declarava que iria ser titular da seleção. Dois anos depois, com 21 anos, cumpriu o que falou.
Outro exemplo é a entrevista de Fernanda ao site do Vasco analisando suas companheiras de time. Em um dos trechos, ela diz: "A Denise ganhou três campeonatos comigo na Nestlé e depois não ganhou mais nada".
O certo é que, desde 1988, os dois têm colecionado títulos. Nos 12 últimos torneios nacionais, Fernanda foi campeã nove vezes, e Maurício, cinco. Trintões, vivem momentos diferentes. Fernanda não quer mais saber de seleção. Uma pena. Maurício não esconde o desejo de atuar em mais uma Olimpíada.
No Vasco, Fernanda tem conseguido dar show de bola mesmo com o time sendo o dono da segunda pior recepção da Superliga, segundo as estatísticas oficiais. E você sabe: quando a equipe não consegue receber bem o saque adversário, dificulta a vida do levantador.
O bom levantamento tem garantido ao Vasco sucesso no ataque, que é o melhor da Superliga. O destaque é Rosângela, a atacante mais eficiente do torneio, com 212 pontos (17 jogos).
No Minas, do técnico Cebola, Maurício conta com três revelações da temporada: o oposto André, o ponta Ezinho e o central Henrique. André e Ezinho são os dois atacantes mais eficientes do campeonato. Henrique tem o segundo melhor bloqueio, só perdendo nas estatísticas para Gustavo, do Banespa.
Vale lembrar que a fase decisiva da Superliga começa no próximo mês, com as quartas-de-final. Minas e Vasco têm o desafio de manter o padrão de jogo até as finais, o que não é fácil. Já os outros times se preparam para render mais na próxima etapa.
No feminino, o Flamengo, das atacantes Leila e Virna, já assegurou a segunda posição. A luta nas duas últimas rodadas é pelo terceiro e quarto lugares, que garantem mando de jogo nas quartas-de-final. Na disputa estão Rexona, MRV/Minas, Pinheiros e BCN. Só dois pontos separam o Rexona, terceiro colocado, do BCN, o sexto.
Não dá para encerrar sem citar o atacante Anderson, que assumiu de vez o papel de clone de Gílson na Ulbra. Na última rodada, o seu time perdeu do Lupo-Náutico por 3 sets a 2, mas Anderson fez a festa: desceu o braço e assinalou 37 pontos. Ele já é o maior pontuador da Superliga, com 379 pontos.

Torneio cubano
Cuba, que nesta temporada impediu que seus jogadores atuassem no exterior, volta a promover seu campeonato nacional de clubes. O torneio masculino começa amanhã e terá a participação de quatro times, todos com nomes de jornais cubanos. O favorito ao título é o Granma, que conta com os jogadores da seleção Ihosvany Hernandez, Denis, Roca e Pimienta.

Italiano
O Milano, do argentino Marcos Milinkovic, provocou a surpresa da rodada do final de semana do Campeonato Italiano. Venceu o Cuneo, líder do torneio, por 3 sets a 2. Foi a terceira derrota do time em 22 jogos. Faltando quatro rodadas para o final da primeira fase, o Cuneo tem sete pontos de vantagem sobre o Sisley, o vice-líder. Já o Milano briga com o Macerata, do brasileiro Nalbert, pelo quarto lugar. Nalbert é o 11º pontuador do torneio, com média de 19 pontos por partida.

E-mail: cidasan@uol.com.br


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