São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2001 |
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TÊNIS Depois de retomar 1ª posição do ranking de entradas, brasileiro derrota novato em Buenos Aires e ganha seu 11º título Guga tem semana perfeita na Argentina
JOSÉ ALAN DIAS DE BUENOS AIRES Um dia depois de retomar a liderança do ranking mundial, Gustavo Kuerten conquistou o 11º título de sua carreira. O brasileiro derrotou ontem José Acasuso, argentino, por 2 sets a 0 (6/1 e 6/3), em 57 minutos, na final do Torneio de Buenos Aires. Foi o nono título de Kuerten em quadras de saibro (terra batida) -as duas outras conquistas ocorreram no ano passado, em Indianápolis (EUA) e no Masters, em Lisboa, ambos em piso rápido. A partida acabou marcada por um componente histórico: Acasuso, 18, número 172 do ranking de entradas, era o primeiro estreante em eventos da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) a disputar uma decisão. Saíra do torneio qualificatório para o encontro com o número um do mundo. Em nove dias, acumulou oito jogos, contra cinco do rival. Kuerten tornara-se o primeiro brasileiro a liderar o ranking de entradas da ATP quando da conquista do Masters, em dezembro passado, em que vencera três ex-números um (Ievguêni Kafelnikov, Pete Sampras e Andre Agassi). Perdera a condição no Aberto da Austrália, no mês passado, para Marat Safin. Foi eliminado na segunda partida, enquanto o russo sobreviveu até as oitavas. Na última semana, foi a vez de ele ser favorecido pela pífia performance do concorrente, que caiu na primeira rodada em Roterdã. Com os US$ 84 mil ganhos pelo título argentino, Guga quebrou a barreira de US$ 9 milhões em seis anos no circuito profissional. Além de Kuerten, só outros 16 tenistas na história faturaram mais de US$ 9 milhões em prêmios no circuito masculino. Com barba por fazer e cabelos compridos, José Acasuso, nascido em Missiones, única Província argentina a fazer fronteira com Santa Catarina (terra natal de Kuerten), não ofereceu grande resistência ao brasileiro, que cumpriu sua partida mais rápida e tranquila no evento. No primeiro set, em 26 minutos, quebrou duas vezes o saque de Acasuso, que, nervoso, precipitava a definição dos pontos com erros não-forçados: foram 12. Das arquibancadas, um grupo de torcedores, formado na maior parte por pegadores de bola, entoava coros de apoio a Acasuso, como se estivessem em um estádio: ""Aflojá Guga" (algo como "facilita Guga") ou ""Ponga huevo, que tenemos que ganar" (pedindo garra a Acasuso). ""Os argentinos estavam loucos para torcer contra mim. Não poderia fazer movimento exaltado para permitir isso", comentou Kuerten. ""Tentei também não cometer erros para que Acasuso não crescesse na partida." O número um do mundo teve percentual de acerto de 60% no primeiro serviço -o argentino obteve apenas 42%. Dos 87 pontos disputados, 56 (64%) foram vencidos por Kuerten. ""Peço desculpas às pessoas. Podia ter jogado melhor. Faço minha primeira final e logo com Guga. Perdi, mas estou muito contente", disse Acasuso durante a cerimônia de premiação. Chamado em seguida, Gustavo Kuerten, que até dançou tango em sua estada portenha, esforçou-se para agradar ao público argentino, discursando em um espanhol correto. Como de costume, agradeceu à organização e parabenizou o adversário. ""Aqui eu ganhei meus primeiros pontos (quando participava de eventos menores) e aqui voltei a ser o número um do mundo. Espero defender meu título", afirmou o brasileiro. Acabou mais aplaudido que o argentino Acasuso. Texto Anterior: Uma explosão dos empates Próximo Texto: Brasileiro tem melhor início de ano da carreira Índice |
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