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JUCA KFOURI
Futebol é jogo pra homem!
Enquanto o vitorioso futebol feminino é destratado pela
CBF, seguem as cenas de machismo explícito pelo país
O
PROGRAMA mensal "Histórias do Esporte", da ESPN
Brasil, há 11 anos mostra os
bastidores do esporte nacional como nenhum outro na TV brasileira.
Se o trabalho investigativo da dupla Roberto Salim/Ronaldo Kotscho fosse apresentado numa TV
aberta, certamente nosso esporte
não seria mais o que é.
Mas cadê coragem?
Melhor tratar o esporte como entretenimento apenas, como negócio, pois não, e deixar os "sócios" em
completo sossego.
O programa que foi ao ar ontem à
noite - tem repeteco hoje, às 15h30,
e amanhã, às 20h30 - tratou do futebol feminino, prata em Atenas e,
então, objeto de solene promessa de
apoio por parte de Ricardo Teixeira.
Nada se fez de concreto na CBF e
nem sequer se sabe, tão perto do
Pan-2007, quais jogadoras defenderão a seleção brasileira na competição. Até mesmo Marta, a melhor do
mundo, não está garantida, segundo
a reportagem revelou.
Em tese, dinheiro não faltaria.
Nem da Fifa, que destina recursos
ao futebol feminino mundo afora
-sem que se saiba, por aqui, que
destino tal auxílio tem, segundo o
que Salim e Kotscho apuraram.
Dá pena das meninas.
E dá raiva dos cartolas.
Como de todo o universo do futebol masculino, que se cala e não se
solidariza com a sua outra metade.
Uma palavra de um Kaká, por
exemplo, ou de Dunga, que efeito teria para respaldar o florescimento
de uma atividade que já demonstrou
ter tudo para dar certo no país? E o
COB, o Ministério do Esporte, tão
solícitos para distribuir verbas nem
sempre bem explicadas, o que têm
feito neste sentido?
Um dia, o imortal João Saldanha
disse que não gostaria de ter uma
nora que fosse zagueira do Bangu. Se
pudesse ter visto o "Histórias do Esporte" de ontem, no entanto, certamente mudaria de opinião.
Porque o "João Sem Medo" não
confundia valentia com machismo,
sinônimo de covardia.
Homão
Jogou como goleiro e virou técnico de futebol.
Era forte, tinha os cabelos brancos, era um poço de ignorância e
fingia entender de futebol.
Como treinador, passou por
Atlético-MG, Cruzeiro, Corinthians, entre outros.
Era chamado sempre que as coisas não andavam bem e um cartola
qualquer achava que estava faltando disciplina, autoridade.
Sim, nosso amigo sempre se caracterizou por ser autoritário, o
que é diferente de ter autoridade.
Filhote da ditadura militar, era o
reacionário em estado bruto e adorava vociferar contra atletas, árbitros e jornalistas.
Até era capaz de, por pouco tempo, botar ordem na casa e ganhar
um título aqui e outro ali.
Mas logo seus times desandavam, e a situação ficava pior do que
antes de sua chegada.
Qualquer semelhança não é mera
coincidência, embora este pequeno
lembrete diga respeito a Dorival
Knippel, o Yustrich, também chamado de Homão.
Que rima com outro mandão que
está longe de ser solução, porque
tem estilo mais para porteiro, de
boite, do que para treineiro -como
Yustrich foi nas décadas de 1960/
70, depois de ter sido goleiro do
Flamengo, nos anos 30/40.
O Homão morreu, fisicamente,
em 1990.
Leão se esvai, como técnico, neste 2007, e não honra -ou honra?-
o apelido de rei dos animais.
Até um cartolinha da área "social" corintiana, que já andou processado por bater na ex-mulher,
achou de puxar-lhe a juba pelo lamentável episódio de machismo
com a repórter Marília Ruiz.
Homão, machão, sei não.
blogdojuca@uol.com.br
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