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Pirataria olímpica perturba Pequim
Paraíso da falsificação, China aumenta fiscalização e espera lucrar mais de US$ 50 milhões com produtos da Olimpíada
Governo já adotou postura mais rígida durante Copa-06 para satisfazer a Europa, um dos principais mercados que pretende atingir com Jogos
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Paraíso da pirataria, a China
está provando do seu próprio
veneno. Desde que Pequim começou a comercializar produtos oficiais da próxima Olimpíada, os organizadores dos Jogos vêm enfrentando forte concorrência dos falsificadores.
Nas ruas, é comum encontrar
mascotes, chaveiros, camisas,
moedas comemorativas e outros suvenires relativos aos Jogos do ano que vem a preços
mais convidativos do que os
praticados no comércio oficial.
A falsificação é um problema
crônico no país. De acordo com
informações da União Européia, mais de 70% dos produtos
piratas que são apreendidos
nas alfândegas do velho continente são produzidos na China.
Tais objetos agora também
abastecem o comércio doméstico. "Segundo nossos relatórios, moedas, bichos de pelúcia,
objetos de decoração e pôsteres
são os produtos mais fáceis de
serem imitados", disse à Folha
Niu Wei, do Departamento de
Comunicações do Bocog (Comitê Organizador dos Jogos).
A facilidade é tanta que os piratas nem se preocupam tanto
em ficar ocultos. "Os produtos
piratas são distribuídos principalmente através de internet,
telemarketing e barracas móveis", informa Wei.
Atento ao problema, o Bocog
divulgou uma carta de advertência contra a pirataria em 11
de novembro de 2005, no mesmo dia em que foram revelados
as mascotes da Olimpíada.
No documento, os organizadores afirmam que irão lutar
para proteger os direitos sobre
mascotes e símbolos olímpicos
na China e em Hong Kong, Macau, Taiwan e demais países.
Por enquanto, ao menos, o
problema é interno. "Ainda
não descobrimos nenhuma
empresa estrangeira envolvida
em atividade de falsificação dos
produtos oficiais licenciados",
conta Wei, do Departamento
de Comunicações do Bocog.
A Prefeitura de Pequim também entrou na luta. O governo
anunciou, em janeiro, que o
combate à pirataria foi incluído
em seu plano de desenvolvimento econômico e social, que
guiará as prioridades da cidade
nos próximos quatro anos.
"É a primeira vez que esse
item foi incluído no nosso planejamento urbano" comenta
Liu Dogwei, vice-diretor da
Agência de Proteção à Propriedade Intelectual de Pequim.
Como medida prática, o governo prometeu investir mais
na proteção de marcas e promover fiscalizações periódicas
em empresas suspeitas de produzir cópias baratas em série.
Para dar exemplo à Europa,
um dos mercados no qual o
país espera auferir altos lucros
durante a Olimpíada, a China
intensificou, em 2006, o cerco
à pirataria de produtos relativos à Copa do Mundo de futebol, disputada na Alemanha.
Em dezembro, a polícia voltou a agir, mesmo que de forma
tímida. Um comerciante acabou detido e teve seus produtos
olímpicos -no valor de cerca
de R$ 15 mil- apreendidos.
O exemplo ainda não intimidou a ação dos piratas e a expectativa de ganhos pode não
ser alcançada. "Esperamos receber mais de US$ 50 milhões
[R$ 104 milhões] com licenciamento de produtos", diz Wei.
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