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FUTEBOL
Dois técnicos em estado de graça
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Parreira e Felipão vão muito bem, obrigado.
Seguros de si, em paz com a vida, cheios de projetos.
Aparentemente, ao menos,
atingiram aquele ponto que distingue as pessoas maduras das
imaturas.
Pude conversar com os dois na
semana que passou.
Parreira, como já foi noticiado,
garante que começa a Copa com
o quarteto. E é tudo o que garante. A continuidade dependerá do
resultado. Quinteto nem pensar,
mesmo porque "ele é uma pessoa
inteligente", acrescenta Felipão.
Felipão fez revelações. Por
exemplo, a de que só se aproximou para valer de Antônio Lopes,
na seleção, quando o coordenador se convenceu de que Romário
não seria mesmo convocado e desistiu da idéia.
Parreira entreabriu uma porta
para Júnior. O que, tomara, livrará a seleção do destempero e da
simulação de eficiência de Gustavo Nery, candidato a ser um novo
Zé Carlos -aquele lateral-direito
que sabia imitar animais, mas
não tinha cabeça nem soube parar de tremer na Copa de 1998,
quando enfrentou a Holanda.
Júnior, afinal, já disputou uma
Copa (e foi campeão), fez sucesso
na Europa e é, como Serginho, do
Milan, também é, muito mais jogador que o corintiano, cujo
lobby é tão forte que até soa estranho.
Mas Parreira não deixou nenhuma fresta para os dois bons
Alex, o zagueiro do PSV e o meia
do Fenerbahce, "porque não tivemos e nem teremos mais tempo
para experiências".
Tanto Parreira quanto Felipão
acreditam piamente na recuperação de Ronaldo.
O primeiro até gosta que desafiem o Fenômeno. O segundo, que
pode tê-lo como adversário na semifinal, preferia que não cutucassem a fera com vara curta.
Aliás, o técnico da seleção brasileira está preocupado é com o desgaste de Ronaldinho, embora
agradeça aos céus pela presença
permanente de Deise, a irmã do
Gaúcho, ao lado dele em Barcelona. "Você nunca o vê envolvido
em fofocas ou com alguma coisa
que não diga respeito ao futebol.
Ela cuida de tudo."
Para Felipão, não há o que falar
mais de Ronaldinho, que "será o
melhor do mundo ainda por mais
duas, três temporadas". E mais.
"Fará até uma sombrinha para
Pelé", acrescenta.
Becão de roça, Felipão vê no zagueiro Terry, do Chelsea, o jogador que ele gostaria de ter sido e o
coloca como o segundo melhor jogador do mundo hoje, na frente
de Deco, o surpreendente terceiro,
porque "ele passa bem, finaliza
bem, marca bem, se movimenta
muito e sabe chegar junto quando é preciso".
E Felipão agradece que seu auxiliar, Murtosa, às vésperas da
Copa de 2002, não conseguiu voar
para vê-lo jogar pelo Porto, o que
tirou de Deco a chance -remota,
é verdade- de vir a ser convocado. "Graças a Deus. Fomos campeões sem ele e pude chamá-lo
para jogar por Portugal", festeja.
Parreira está pronto para ser o
segundo técnico a ganhar duas
Copas do Mundo. E Felipão, para
ser o primeiro a ganhar por duas
seleções diferentes.
Libertadores
Vitórias sofridas do campeão brasileiro e do vice na Taça Libertadores da América. A do Corinthians, no Pacaembu, diante do mexicano
Tigres, inconvincente. A do Inter, no Beira-Rio, contra o mexicano
Pumas, comovente. Derrota do tricampeão mundial, no México,
num jogo de nível técnico quase tão bom como os jogos da Copa dos
Campeões da Europa. Nada que deva abalar o São Paulo. Empates
dos Verdões em Rosário. O do Goiás serviu como batismo de fogo e
para assegurar uma classificação que virá. O do Palmeiras foi injusto,
porque jogou melhor e foi vítima de erros da arbitragem. Mas, tirante o Paulista de Jundiaí, que folgou, cinco times brasileiros devem seguir adiante na competição continental. E exatamente o campeão
nacional, e o que mais gastou, ainda não emocionou sua torcida. E é
no mata-mata que a coisa pega.
E-mail blogdojuca@uol.com.br
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