São Paulo, domingo, 26 de março de 2006

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FUTEBOL

Dois técnicos em estado de graça

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Parreira e Felipão vão muito bem, obrigado.
Seguros de si, em paz com a vida, cheios de projetos.
Aparentemente, ao menos, atingiram aquele ponto que distingue as pessoas maduras das imaturas.
Pude conversar com os dois na semana que passou.
Parreira, como já foi noticiado, garante que começa a Copa com o quarteto. E é tudo o que garante. A continuidade dependerá do resultado. Quinteto nem pensar, mesmo porque "ele é uma pessoa inteligente", acrescenta Felipão.
Felipão fez revelações. Por exemplo, a de que só se aproximou para valer de Antônio Lopes, na seleção, quando o coordenador se convenceu de que Romário não seria mesmo convocado e desistiu da idéia.
Parreira entreabriu uma porta para Júnior. O que, tomara, livrará a seleção do destempero e da simulação de eficiência de Gustavo Nery, candidato a ser um novo Zé Carlos -aquele lateral-direito que sabia imitar animais, mas não tinha cabeça nem soube parar de tremer na Copa de 1998, quando enfrentou a Holanda.
Júnior, afinal, já disputou uma Copa (e foi campeão), fez sucesso na Europa e é, como Serginho, do Milan, também é, muito mais jogador que o corintiano, cujo lobby é tão forte que até soa estranho.
Mas Parreira não deixou nenhuma fresta para os dois bons Alex, o zagueiro do PSV e o meia do Fenerbahce, "porque não tivemos e nem teremos mais tempo para experiências".
Tanto Parreira quanto Felipão acreditam piamente na recuperação de Ronaldo.
O primeiro até gosta que desafiem o Fenômeno. O segundo, que pode tê-lo como adversário na semifinal, preferia que não cutucassem a fera com vara curta.
Aliás, o técnico da seleção brasileira está preocupado é com o desgaste de Ronaldinho, embora agradeça aos céus pela presença permanente de Deise, a irmã do Gaúcho, ao lado dele em Barcelona. "Você nunca o vê envolvido em fofocas ou com alguma coisa que não diga respeito ao futebol. Ela cuida de tudo."
Para Felipão, não há o que falar mais de Ronaldinho, que "será o melhor do mundo ainda por mais duas, três temporadas". E mais. "Fará até uma sombrinha para Pelé", acrescenta.
Becão de roça, Felipão vê no zagueiro Terry, do Chelsea, o jogador que ele gostaria de ter sido e o coloca como o segundo melhor jogador do mundo hoje, na frente de Deco, o surpreendente terceiro, porque "ele passa bem, finaliza bem, marca bem, se movimenta muito e sabe chegar junto quando é preciso".
E Felipão agradece que seu auxiliar, Murtosa, às vésperas da Copa de 2002, não conseguiu voar para vê-lo jogar pelo Porto, o que tirou de Deco a chance -remota, é verdade- de vir a ser convocado. "Graças a Deus. Fomos campeões sem ele e pude chamá-lo para jogar por Portugal", festeja.
Parreira está pronto para ser o segundo técnico a ganhar duas Copas do Mundo. E Felipão, para ser o primeiro a ganhar por duas seleções diferentes.

Libertadores
Vitórias sofridas do campeão brasileiro e do vice na Taça Libertadores da América. A do Corinthians, no Pacaembu, diante do mexicano Tigres, inconvincente. A do Inter, no Beira-Rio, contra o mexicano Pumas, comovente. Derrota do tricampeão mundial, no México, num jogo de nível técnico quase tão bom como os jogos da Copa dos Campeões da Europa. Nada que deva abalar o São Paulo. Empates dos Verdões em Rosário. O do Goiás serviu como batismo de fogo e para assegurar uma classificação que virá. O do Palmeiras foi injusto, porque jogou melhor e foi vítima de erros da arbitragem. Mas, tirante o Paulista de Jundiaí, que folgou, cinco times brasileiros devem seguir adiante na competição continental. E exatamente o campeão nacional, e o que mais gastou, ainda não emocionou sua torcida. E é no mata-mata que a coisa pega.

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