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FUTEBOL
No fundo da alma
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Nas décadas de 50 e 60, a
maioria das equipes jogava
no 4-2-4 ou no 4-3-3.
A Inglaterra inovou na conquista do Mundial de 1966, ao
atuar no 4-4-2. Após 40 anos, é
ainda o esquema tático mais utilizado no mundo, inclusive pela
atual seleção brasileira.
Na Europa, especialmente na
Inglaterra, os quatro do meio-campo formam uma linha e todos, alternadamente, marcam e
atacam. Não há o volante mais
recuado para fazer a cobertura
dos laterais, já que estes avançam
pouco. Lampard e Gerrard, teoricamente os volantes da seleção
inglesa, são os que mais finalizam
de fora da área.
Diferentemente dos meias europeus, que não saem de seus setores, Ronaldinho Gaúcho e Kaká,
um de cada lado, se movimentam
por todo o ataque. Isso confunde
a marcação. Mas, no Barcelona,
Ronaldinho é um atacante. Na
seleção, é um jogador de meio-campo, que participa da marcação e chega à frente.
Uma das variações do 4-4-2,
adotada por poucas equipes da
Europa e pela maioria dos times
brasileiros, é atuar com três jogadores no meio-campo e um meia
na ligação com os dois atacantes.
Assim jogou a seleção com Parreira durante três anos.
A escalação do quarteto ofensivo foi imposta pela qualidade dos
atletas. Isso mostra que Parreira
evoluiu, que prefere o craque ao
esquema tático e que tem bom
senso, virtude cada vez mais rara.
Parreira disse que a escalação
dos quatro jogadores mais adiantados é o limite da ousadia. Diante do espelho, ele deve indagar:
"Ainda não acredito no que você
fez".
Mas no fundo da alma, onde estão os mais estranhos e verdadeiros desejos, Parreira deve sonhar
em ser treinador da seleção inglesa, com um time mais equilibrado, com os atletas ocupando sempre a mesma posição e repetindo
as mesmas jogadas ensaiadas.
Monopólio
Como mostrou a Folha numa
reportagem do Sérgio Rangel, o
Ministério Público Estadual e o
Federal estão investigando a exclusividade dada pela Confederação Brasileira de Futebol a uma
agência de turismo para a venda
de pacotes para o Mundial.
Esse monopólio pode prejudicar
os consumidores.
Dois torcedores já conseguiram
liminar na Justiça para comprar
os ingressos diretamente da CBF,
sem adquirir os pacotes da empresa.
O dono da atual operadora beneficiada pela CBF é o mesmo
que era proprietário de outra empresa, acusada de lesar muitos
brasileiros no Mundial de 1998,
quando não entregaram vários
ingressos vendidos.
A exclusividade dada pela CBF
pode ser legal, mas não é justa. A
CBF é uma entidade privada,
mas de interesse público.
Clássico paulista
As grandes qualidades do Palmeiras são a garra e a busca da
vitória. As principais deficiências
do time são a pressa e a afobação
de chegar ao gol. O Palmeiras precisa encontrar o equilíbrio entre a
correria e o toque de bola, entre o
nervosismo e a calma.
Por causa do estilo afobado e
guerreiro, o Palmeiras não agrada nas vitórias e parece muito
pior nas derrotas. Não é excelente, porém é um bom time.
Após vencer o Brasileiro, o Corinthians piorou com as contratações do Ricardinho e do Mascherano, que deveriam ser ótimos reforços.
A culpa não é dos dois.
Muitos técnicos ficam confusos
quando têm vários excelentes jogadores no elenco. Preferem os
medíocres.
Tráfico e influências
Será que o Corinthians fez realmente uma proposta para o treinador Paulo César Gusmão?
Após a saída de Passarella, foi a
mesma história.
Não entendo por que Paulo César tem tanto prestígio. Parece até
que ele é um técnico experiente e
consagrado. Com qualquer treinador, o Cruzeiro seria o grande
favorito ao título mineiro.
A narração dos jogos e os gritos
de Paulo César e de alguns técnicos durante toda uma partida são
uma das coisas mais chatas e improdutivas que existem no futebol
brasileiro.
Sem me referir ao técnico do
Cruzeiro, e sim aos treinadores
em geral e também aos jogadores,
é um absurdo constatar que se
tornou normal um empresário
gerenciar ao mesmo tempo as
carreiras de técnicos e jogadores.
O tráfico de influências é obvio.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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