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"Sou paga para entreter", diz Sharapova
Cercada de cuidados e com jeito de popstar, russa diz à Folha que tênis feminino precisa de show para atrair público
Musa diz gostar e aprovar a badalação em sua vida fora das quadras e aproveita
para encher seus bolsos,
já que vende de tênis a carro
RÉGIS ANDAKU
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Martina Hingis, 43 títulos e
uma das melhores tenistas da
história, passa por um corredor
reservado a jogadores e convidados do Masters Series de
Miami e sorri.
Kim Clijsters, 34 troféus e
uma das melhores dos últimos
anos, passa pelo mesmo corredor, vê um conhecido, sorri
abertamente e o cumprimenta
com um beijo e um abraço.
Maria Sharapova, 15 títulos e
para muitos apenas um rosto
bonito, ainda não passou, mas
seguranças e assessores já tiraram tudo do caminho -Hingis
e Clijsters inclusive- para evitar qualquer contato com ela.
Sharapova aparece somente
quando a sessão de fotos com as
melhores do ranking chega
perto do fim. Mas ninguém, fotógrafos, tenistas e organizador, chia agora que a sessão vai
recomeçar, agora com os olhos
verdes e o 1,88 m da loira russa
de 19 anos no foco das atenções.
Com Hingis longe de ser a estrela que já foi, já que as irmãs
Williams têm se dedicado mais
às outras diversões da vida do
que ao tênis, visto que Clijsters
anda firme no caminho da aposentadoria e Justine Henin e
Amelie Mauresmo ganham títulos, mas não apresentam carisma, Sharapova desfila como
único nome a trazer atenção ao
circuito feminino, mais por sua
beleza e simpatia do que pela
supremacia em quadra -nos
bastidores, todos sabem e aceitam, e ela aproveita.
"Acho que o tênis precisa de
show, entretenimento. Os torcedores procuram isso, e nós
[tenistas] somos pagos para entreter as pessoas, não apenas
para jogar e ganhar", diz.
"Não me importo se me colocam como a "garotinha bonita'",
fala Sharapova. "Por mais que
chegue ao topo, terei de conviver com isso. Mas faz parte; somos [tenistas] pagos para divertir as pessoas", afirma a russa, em entrevista em Miami
com três jornalistas da qual
participou a Folha. "Tênis é
apenas o esporte que eu jogo."
Não de hoje a associação feminina procura, cuida e torce
por suas musas. Diferentemente do masculino, perde audiência e dinheiro. A diferença é
que Sharapova, ao contrário de
outras musas, gosta, aprova e
aproveita a badalação em sua
vida fora das quadras.
Diga que você considera o tênis feminino mais fraco do que
o de anos atrás, e ela, contrariada e séria, dirá que não. "Existem tantos talentos hoje como
em outras épocas."
Elogie então as fotos que ela
fez para a "Vogue", e a russa,
como uma criança, contará detalhes ("Me pegaram depois de
Tóquio, não sei como conseguimos, na correria, fazer as fotos.
Quando vi a revista, uau!, que
honra. Adoro moda, e estar [na
revista] é inspirador").
Esse comportamento de
popstar de Sharapova ajuda a
WTA, agrada a patrocinadores
e organizadores e encanta torcedores. De outro lado, enche
os bolsos da russa. Hoje, ela
vende tênis, carro, relógio, creme dental, perfume etc.
O inglês sem sotaque da Sharapova tenista ajuda ainda
mais a estrela internacional
desde que se mudou da Sibéria
para a Flórida, fala a língua do
circuito. "Sei que sou querida
por pessoas de vários lugares,
de varias idades, e é uma honra
ser reconhecida."
Sharapova, por ironia, só não
manda nos assessores, gente
que controla sua agenda e seu
tempo fora das quadras. "Ela
precisa ir", decreta uma assessora sisuda. Mas não sem antes
dar um vibrante "oi" para os fãs
venezuelanos. "Oi, Venezuela,
aqui é Maria Sharapova, e eu
queria agradecer a vocês..."
Os dirigentes, no fundo, adoram o assédio. Para sorte do tênis feminino, Sharapova tem
fãs até na Venezuela.
O jornalista RÉGIS ANDAKU viaja a Miami a
convite da Sony Ericsson
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