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FUTEBOL
Páreo duro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
É muito cedo para um juízo
definitivo mas, ao que parece, o Brasileirão deste ano será
bem mais equilibrado que o de
2003. Pode ser que os líderes disparados do ano passado, Cruzeiro e Santos, ainda venham a pegar embalo mas, por enquanto,
isso não aconteceu.
O Cruzeiro, no sábado, foi dominado pelo Goiás em Goiânia e
teve dificuldade para empatar. O
Santos, ontem, dominou a partida, mas suou para fazer o primeiro gol contra o frágil Botafogo,
que tinha um atleta a menos.
Com isso, a sensação deste início de torneio é o Figueirense, não
apenas por ser o único time com
100% de aproveitamento, mas
também porque vencer por 3 a 0 o
Furacão (mesmo em crise) na
Arena da Baixada não é tarefa
para qualquer um. Embalado pelo tricampeonato catarinense, o
Figueira vem disposto a entrar na
briga com os grandes.
O jogo da Vila Belmiro mostrou
que o Santos continua tendo problemas de finalização. Ontem,
vários de seus jogadores perderam gols cara a cara com o goleiro
Jefferson. Os chutes mais perigosos -em geral de Robinho ou Renato- vinham de fora da área.
Outro ponto crítico do time santista -a vulnerabilidade defensiva- não foi testado, pois o Botafogo, depois da expulsão de Túlio,
viveu apenas das faltas de longa
distância batidas por Sandro.
Do meio para a frente, há uma
boa e uma má notícia para os
santistas. A boa é que Diego, depois de uma fase ruim, parece estar recuperando o futebol e a confiança. Seu segundo gol, ontem,
foi uma jogada que ele devia tentar mais vezes: driblar com rapidez e finalizar forte e cruzado, como fazem outros meias habilidosos, como Alex, Pedrinho e Felipe.
A má notícia é que o time ainda
não encontrou um centroavante
à altura. Leandro Machado, nos
seus dois primeiros jogos, mais
atrapalhou do que ajudou. Talvez seja uma questão de tempo
para se adaptar aos companheiros. O fato é que se durante muito
tempo a camisa 10 do Santos pesou sobre quem a vestia, agora
parece que o que pesa é a 9.
O Palmeiras, no Beira-Rio, também atuou com um jogador a
mais (o Internacional teve um
atleta expulso ainda no primeiro
tempo) e teve mais volume de jogo que o adversário, mas perdeu a
partida graças a um erro circunstancial do goleiro Marcos e a uma
incapacidade irritante de criar jogadas de gol.
Sem Muñoz, que com sua velocidade costuma ser uma válvula de escape para as avançadas
palmeirenses, o alviverde insistiu
nas jogadas pelo meio, que esbarravam num Colorado aguerrido e
bem postado.
Não dá para entender por que o
técnico Jair Picerni tirou seu ala
mais ofensivo, Lúcio, afunilando
ainda mais o jogo. As maiores
chances palmeirenses surgiram
de jogadas criadas e concluídas
individualmente por Pedrinho ou
Vágner Love. De lances coletivos,
zero.
Ler é um exercício
Nos quase dez anos em que tenho ocupado este nobre espaço, fui às vezes mal compreendido por alguns leitores mais
apressados ou por aqueles movidos por um "parti pris" clubístico ou bairrista. Ir além do óbvio tem seu preço. O que me
surpreendeu foi ver meu texto
ser treslido por Fernando Calazans, um homem que sempre
julguei inteligente e honrado.
Antes de concluir que me enganei duplamente, convido o cronista a reler minha coluna "Telhados de Vidro", desta vez
com atenção e com o espírito
desarmado. Ele verá que em nenhum momento eu considerei
"natural" a célebre frase do técnico Geninho sobre tornozelos,
e muito menos inventei "interpretações que justificassem a
frase e absolvessem o treinador".
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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