São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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FUTEBOL

Nas oitavas da Libertadores-06, atacante lidera Corinthians contra o River, inimigo do Boca, seu time de coração

Tevez desafia a Argentina que não o quer

EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

A principal arma do Corinthians para vencer a Libertadores estará diante de uma Argentina que não o quer bem. Carlitos Tevez está em casa, mas no Monumental de Nuñez, hoje, às 21h45, quando o time começa a decidir uma vaga nas quartas-de-final da Taça Libertadores, ele vai se deparar com seu pior inimigo.
Amado pela maior torcida do país, a do Boca Juniors, Tevez quase sempre se viu em maus lençóis quando teve o River Plate, a quem já disse odiar, pela frente.
O maior ídolo corintiano faz hoje seu confronto mais importante pelo clube do Parque São Jorge sob a sombra de alguns dos piores momentos de sua carreira.
Contra os "milionários", o atacante, envergando a camisa do Boca, tem um histórico pequeno, de apenas cinco embates, mas de todos eles guarda alguma recordação negativa.
Até quando venceu, pelas semifinais da Libertadores-2004, Tevez se deu mal. Ao marcar seu único gol contra o River, foi expulso por imitar uma galinha, apelido pejorativo do adversário. Dias depois, teve de pedir desculpas aos torcedores rivais.
Nos outros quatro duelos, o atacante foi expulso mais uma vez, sofreu uma grave contusão e sempre passou em branco.
Já pelo Corinthians, ele voltou ao Monumental no ano passado, pelas oitavas-de-final da Copa Sul-Americana. Teve atuação discreta, foi marcado implacavelmente e vaiado o tempo todo. Mas o clube brasileiro, com um gol nos acréscimos, eliminou o oponente com um 1 a 1.
Agora, o atacante tenta liderar o Corinthians em uma vingança que o clube aguarda há três anos, desde que o River tirou os brasileiros do torneio continental, também nas oitavas. Para isso, tem o apoio e a simpatia da maioria dos torcedores argentinos.
Em pesquisa on-line feita pelo jornal "La Nación", da qual participaram 26,3 mil internautas, Tevez foi o segundo mais votado para estar na seleção: 25,6 mil votos, contra 26,1 mil de Lionel Messi, atacante do Barcelona.
Até o técnico Daniel Passarella, do River, fez lobby para que Tevez fosse convocado pelo treinador Jose Pekermann. "O Tevez é um grande jogador e uma figura extraordinária. Ele sempre esteve a meu lado quando estive no Corinthians", lembrou Passarella.
"Nascido em Forte Apache. Amado em todas as partes", diz outdoor de uma das patrocinadoras de Tevez, que estampa foto gigantesca do atleta em uma das principais ruas de Buenos Aires.
O atacante fez questão de dizer que o jogo de hoje é também um duelo pessoal e do Boca. Questionado se gostaria de ser carrasco e tirar o River da Libertadores, respondeu: "Tomara. Mas primeiro temos que jogar. E respeitar o time do River, que merece".
A diplomacia, porém, tem limite. Portanto: "Deixar o River fora seria lindo", provoca.
Mas é como se fosse um Boca x River? "Sou torcedor do Boca e me sinto assim, mas sei que estou defendendo outra camiseta. A do Boca está sempre no meu coração", disse Tevez, que fez crescer na capital argentina a procura por camisas do Corinthians.
Para contrabalançar o furor do River contra ele, o corintiano declarou esperar apoio da torcida do Boca. "Com o Boca sem jogar a Libertadores, todo mundo quer que o River fique fora. Eu, como primeiro torcedor, farei o possível para que aconteça."
Tevez contou que vários amigos pediram entradas para a partida, mas, como é visitante, não ganhou. "Vão ter que comprá-las."


NA TV - Globo (para SP) e Sportv 2 (menos SP), ao vivo, às 21h45


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