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FUTEBOL
Líder da Série A-2 do Paulista, clube de Bauru não tem receitas financeiras e vive do dinheiro de empresários
Endividado, Noroeste sobrevive de favor
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Reportagem Local
De um clube atolado em dívidas,
com o estádio e a sede social abandonados, sem entrada de dinheiro
e, para completar, obrigado a se
desfazer de seus principais jogadores, à liderança da Série A-2 do
Paulista-98, o Noroeste tem sobrevivido graças à ajuda financeira de
um grupo de empresários.
Em outubro do ano passado,
Damião Garcia, proprietário da
Kalunga, distribuidora de material
escolar e para escritório, e candidato a vice-presidente numa das
chapas de oposição do Corinthians, assumiu a "presidência
de honra" do clube de Bauru.
Como presidente, foi empossado Archivaldo Reche, distribuidor
de papéis para o setor gráfico e
amigo de Garcia.
Os dois e Cláudio Amantini, presidente do Conselho do clube,
contrataram o técnico Luís Carlos
Martins e montaram uma equipe
cuja folha salarial está na casa dos
R$ 120 mil.
O problema, porém, é que, apesar de ter chegado à liderança da
Série A-2, cujo campeão subirá
para a Série A-1 do Paulista-99,
equivalente à primeira divisão, o
clube continua sem receitas.
"Nossa idéia era assumir apenas o departamento de futebol,
mas, como isto não foi possível,
temos que administrar as dívidas
passadas", lamentou Reche.
"Até hoje, não ficamos com
nenhuma de nossas rendas no
Paulista. Em todo jogo do Noroeste, aparece um oficial de Justiça e
nos confisca a arrecadação", explicou, referindo-se às dívidas trabalhistas do clube de Bauru.
"O Noroeste não tem receitas,
não tem nem um sócio sequer e
ainda não tem credibilidade. Com
o título da Série A-2, queremos começar a resgatá-la."
Garcia concorda com ele. "É
difícil administrar um clube que
não tem entrada de recursos. Até
os R$ 10 mil que a Federação Paulista nos dá por mando de jogo somos obrigados a devolver com
gastos com catracas eletrônicas,
juízes etc., a cada jogo que fazemos. A federação dá com uma
mão e tira com a outra."
Para recuperar o que tem colocado no clube, Damião Garcia diz
apostar no "bom senso do empresariado de Bauru".
"Nossa idéia é motivar os empresários de Bauru, mobilizando-os a investir no clube. Quem
conhecia Bragança Paulista antes
do Bragantino, ou Matão antes da
Matonense disputar o campeonato? Um Noroeste forte vai enriquecer Bauru e adjacências."
Se o time subir para a Série A-1
do Paulista, Garcia pretende começar a melhorar a parte social.
"Só assim poderemos começar
a atrair sócios para o clube. Hoje,
com a sede abandonada, não temos uma pessoa que contribua
conosco."
"E a boa campanha pode nos
ajudar a conseguir patrocínio na
camisa, que é outra coisa que também não temos."
A Kalunga, que já patrocinou o
Corinthians e o próprio Noroeste,
nos anos 80, por pedido dos filhos
de Garcia, não mais patrocinará
clubes de futebol.
Da cama do hospital
Outra dificuldade que Garcia e
Reche enfrentam é o fato de administrarem um clube em Bauru e
ambos morarem em São Paulo.
"Não é fácil controlar o que
acontece no clube ficando em São
Paulo", disse Garcia, que é de Bauru, mas há anos mora na capital
paulista. "A saída é nos revezarmos, ficando entre as duas cidades."
Até o início do mês passado, o
dirigente ia duas vezes por semana
a Bauru. Numa das viagens, seu
motorista capotou o carro e, há
cinco semanas, Garcia encontra-se hospitalizado.
"Na semana que vem devo ter
alta, mas nesse tempo todo tive de
ficar me inteirando do que acontece no Noroeste pelo telefone, de
uma cama de hospital."
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