São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2000


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CBF vira exemplo em choque entre federações e comitês olímpicos

MARCELO DAMATO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO


ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

As federações internacionais esportivas que participam dos Jogos Olímpicos de Sydney iniciaram ontem uma ação para tentar conquistar mais espaço político e dinheiro no mundo olímpico.
O novo presidente da associação dessas federações, o advogado suíço Dennis Howard, enfrentou os delegados dos comitês olímpicos nacionais e do Comitê Olímpico Internacional (COI) e disse que eles estão sendo se metendo onde não devem.
Howard, que também preside a Federação Internacional de Remo, levantou quatro pontos em que ele diz que a autonomia das federações está sendo invadida.
No principal deles, a questão dos uniformes olímpicos, disse que os comitês estão colocando as federações nacionais em posição difícil ante seus patrocinadores.
"É normal que os comitês ganhem dinheiro em contratos com empresas de material esportivo. Mas as federações nacionais esportivas também têm contratos e não podem cumpri-los no período olímpico. É preciso um pouco de flexibilidade nesse caso", disse Howard à Folha.
Ao tomar conhecimento da solução fixada entre o Comitê Olímpico Brasileiro e a Confederação Brasileira de Futebol, pelo qual a equipe de futebol usa uniforme Nike (parceira da CBF) nas partidas e Olympikus (parceira do COB) nos demais momentos, Howard disse: "Acho uma solução muito boa. Poderia perfeitamente servir de exemplo nas relações entre federações de cada país e seu respectivo comitê olímpico."
Nos outros pontos, Howard foi mais enfático. Mostrou-se especialmente duro contra o que chamou de interferência do COI em regras esportivas. Citou o caso da nova roupa para natação, que, por ser repelente à água, aumenta a velocidade do nado. "Se a Fina (Federação Internacional de Esportes Aquáticos) aprovou, eles não têm nada que contestar".
Howard citou outros problemas. Em casos de doping em competições internacionais, vários comitês olímpicos nacionais tentam punir seu atleta com base no seu próprio código. "Nesse caso, é o código da federação internacional que precisa ser usado, o tribunal de arbitragem esportiva, já decidiu sobre isso. Se não, haverá pesos diferentes."
Por fim, Howard atacou a decisão de certos comitês de não respeitar os critérios das federações para classificar os atletas para os Jogos de Sydney.
"Há casos de comitês que não levam equipes que conseguiram vaga e só avisam meses depois. Aí, a equipe que vai substituí-la não tem tempo de treinar."
Ontem, a fala de Howard não teve maiores consequências. O presidente da Associação dos Comitês Nacionais Olímpicos (Acno), Mário Vásquez Raña, com a expressão contrariada, mudou de assunto logo após o pronunciamento de Howard.
"Hoje (ontem), foi o que você viu. Ele (Raña) foi meio seco. Mas isso vai ser discutido outras vezes até Sydney e lá também", disse Howard.
A Folha tentou falar com Raña, mas ele esteve sempre em compromissos até o fechamento desta edição.


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