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CBF vira exemplo em choque entre federações e comitês olímpicos
MARCELO DAMATO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
As federações internacionais esportivas que participam dos Jogos
Olímpicos de Sydney iniciaram
ontem uma ação para tentar conquistar mais espaço político e dinheiro no mundo olímpico.
O novo presidente da associação dessas federações, o advogado suíço Dennis Howard, enfrentou os delegados dos comitês
olímpicos nacionais e do Comitê
Olímpico Internacional (COI) e
disse que eles estão sendo se metendo onde não devem.
Howard, que também preside a
Federação Internacional de Remo, levantou quatro pontos em
que ele diz que a autonomia das
federações está sendo invadida.
No principal deles, a questão
dos uniformes olímpicos, disse
que os comitês estão colocando as
federações nacionais em posição
difícil ante seus patrocinadores.
"É normal que os comitês ganhem dinheiro em contratos com
empresas de material esportivo.
Mas as federações nacionais esportivas também têm contratos e
não podem cumpri-los no período olímpico. É preciso um pouco
de flexibilidade nesse caso", disse
Howard à Folha.
Ao tomar conhecimento da solução fixada entre o Comitê Olímpico Brasileiro e a Confederação
Brasileira de Futebol, pelo qual a
equipe de futebol usa uniforme
Nike (parceira da CBF) nas partidas e Olympikus (parceira do
COB) nos demais momentos, Howard disse: "Acho uma solução
muito boa. Poderia perfeitamente
servir de exemplo nas relações entre federações de cada país e seu
respectivo comitê olímpico."
Nos outros pontos, Howard foi
mais enfático. Mostrou-se especialmente duro contra o que chamou de interferência do COI em
regras esportivas. Citou o caso da
nova roupa para natação, que,
por ser repelente à água, aumenta
a velocidade do nado. "Se a Fina
(Federação Internacional de Esportes Aquáticos) aprovou, eles
não têm nada que contestar".
Howard citou outros problemas. Em casos de doping em
competições internacionais, vários comitês olímpicos nacionais
tentam punir seu atleta com base
no seu próprio código. "Nesse caso, é o código da federação internacional que precisa ser usado, o
tribunal de arbitragem esportiva,
já decidiu sobre isso. Se não, haverá pesos diferentes."
Por fim, Howard atacou a decisão de certos comitês de não respeitar os critérios das federações
para classificar os atletas para os
Jogos de Sydney.
"Há casos de comitês que não
levam equipes que conseguiram
vaga e só avisam meses depois. Aí,
a equipe que vai substituí-la não
tem tempo de treinar."
Ontem, a fala de Howard não teve maiores consequências. O presidente da Associação dos Comitês Nacionais Olímpicos (Acno),
Mário Vásquez Raña, com a expressão contrariada, mudou de
assunto logo após o pronunciamento de Howard.
"Hoje (ontem), foi o que você
viu. Ele (Raña) foi meio seco. Mas
isso vai ser discutido outras vezes
até Sydney e lá também", disse
Howard.
A Folha tentou falar com Raña,
mas ele esteve sempre em compromissos até o fechamento desta
edição.
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