São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Outro Senna mobiliza Mônaco

Celebridade por causa do tio Ayrton, Bruno é vice-líder e larga hoje em nono na 5ª corrida da GP2

Tricampeão da F-1 venceu seis vezes no principado, enquanto sobrinho corre pela primeira vez com um monoposto em Montecarlo


Frank Augstein/Associated Press
Viviane Senna, Bruno Senna e o príncipe Albert inauguram placa em homenagem a Ayrton


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO

O caminho até os "boxes" da GP2 em Mônaco é longo. Do paddock da F-1 até o "parking des pêcheurs", estacionamento nos rochedos abaixo do palácio que abriga os carros da categoria, são 15 minutos a pé.
A vista de iates ancorados no Mediterrâneo torna o trajeto sob o sol um passeio agradável. É lá, no segundo andar da construção, que ficam os caminhões das equipes. E é ali que está um dos personagens mais requisitados neste final de semana.
Seu sobrenome está em cartazes espalhados pelo principado, em bonés e camisetas, jornalistas de vários países o perseguem atrás de entrevistas, e compromissos como a abertura de uma exposição ontem ocupam seu tempo longe da pista.
Mas nada parece incomodar ou abalar Bruno Senna, 23, vice-líder da GP2, que meio sem querer acabou virando celebridade em Montecarlo, local no qual seu tio Ayrton venceu seis GPs, o primeiro deles há exatos 20 anos. "Mônaco é um lugar muito especial, que me traz boas recordações", disse Bruno à Folha, após ter se classificado em nono para a quinta corrida da temporada, hoje.
"Só agora tive a chance de experimentar a pista como o Ayrton fazia, com um carro de fórmula, rápido, e vi como a situação é realmente desafiadora", completou o piloto, que já havia corrido neste circuito em 2006, mas de Porsche Cup.
Bruno não se lembra da primeira vitória de Senna na pista, pela Lotus, já que tinha somente três anos. "Só lembro de algumas coisas a partir de 1988", explicou. Pela pouca idade também, teve pouco contato com o tio como professor.
"Não tive oportunidade de aprender quase nada com ele. O máximo foram as brincadeiras de kart na fazenda, mas não era nada parecido com aula. O que acabei aprendendo com ele foram seus valores", disse Bruno, que diz não ter herdado somente a semelhança do tio.
"Minha maior qualidade como piloto é boa sensibilidade que eu tenho do carro e a facilidade com que eu consigo passar esses dados para os engenheiros, mesmo não tendo muita experiência."
De fato. Apesar de já estar na categoria de acesso da F-1, ele não tem muito currículo ainda. Há três anos, correr era um sonho. Após duas temporadas na F-3 inglesa, aportou na GP2.
Mas não imaginava ocupar a vice-liderança do campeonato, alcançada em Barcelona há duas semanas, quando venceu sua primeira corrida e causou alvoroço na sala de imprensa que estava no circuito para cobrir a F-1. "Honestamente, não imaginava começar tão bem e vencer uma corrida tão cedo."
Maduro, centrado e de fala pausada, Bruno tem na ponta da língua a resposta para as inevitáveis comparações com Ayrton. "É natural, as pessoas esperam que eu seja tão bom quanto ele", falou. "Mas, para mim, não faz diferença, estou fazendo o que posso, criando uma identidade, fazendo meus próprios resultados e cada vez mais as pessoas me respeitam pelo que eu sou como piloto."
Apesar da proximidade física com a F-1, o brasileiro diz não ter pressa em subir de categoria. Quer disputar pelo menos mais um ano na GP2 antes de tentar a sorte na categoria máxima do automobilismo.
"Preciso manter os pés no chão e continuar fazendo meus resultados. É só assim que vou chegar à F-1." Por ironia, vai ser só assim mesmo, já que ele não possui nem credencial para circular no paddock da categoria. "Também não vou pedir. Não estou aqui para desfilar pelo paddock, e sim para correr."


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