São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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UM PAÍS PARA A COPA/TRANSPORTE

Brasil aéreo é um grande pinga-pinga

Apenas Brasília conta com voos sem escalas para todas as outras cidades candidatas a jogos da Copa do Mundo de 2014

Anac afirma que malha aérea é questão de mercado, Gol diz confiar no governo para sucesso do Mundial, e TAM não comenta assunto


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Serão 12 sedes espalhadas por um país com dimensões continentais, o que torna o avião meio único de deslocamento para milhares de turistas, além de centenas de atletas, jornalistas e funcionários da Fifa, que virão ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014.
Mas o Brasil aéreo não se conversa. Pelo mapa atual de rotas do país, apenas uma cidade, a capital, Brasília, tem voos diretos para as outras 16 localidades que sonham em abrigar as partidas da competição.
Rio Branco, no Acre, só tem ligação direta por via aérea com Brasília -três voos diários, que somam capacidade de aproximadamente 500 pessoas.
Mesmo cidades de porte maior contam com poucas ligações com o resto do país.
Porto Alegre, por exemplo, é conectada sem escalas com apenas outras cinco cidades candidatas ao Mundial.
Nem o Rio de Janeiro, que deve ser o centro nervoso da Copa de 2014 -receberia a final e o comitê organizador-, chega perto dos 100% de voos diretos com outras cidades que sonham com o Mundial. Dos aeroportos cariocas partem aviões, sem escalas, para 13 candidatas ao evento.
Na média, as cidades que seguem na disputa têm voos diretos com sete concorrentes.
Isso significa horas perdidas em conexões. O tempo gasto em escalas num hipotético roteiro por sete cidades para acompanhar uma seleção finalista seria suficiente para um voo entre São Paulo e Miami, nos EUA -cerca de oito horas.

Jogo de empurra
O debate para incrementar a malha aérea do país visando o Mundial ainda não entusiasma.
Procurada pela Folha, a Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, que tem como missão "adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento e fomento da aviação civil", disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a malha aérea do país é "uma questão de mercado" que cabe à iniciativa privada.
A reportagem também procurou a opinião das principais empresas do país. A Gol afirmou que "acredita que o governo está preparando o país para a Copa, e as companhias aéreas se empenharão para atender ao público da melhor forma antes, durante e depois dos jogos".
A TAM, a maior empresa aérea do Brasil, e patrocinadora da CBF, não respondeu ao questionário enviado no início da semana passada.
Além das longas horas de viagem, que podem aumentar pela infraestrutura aeroportuária do país, os turistas que viajarem pelo país durante o Mundial terão, pelo cenário atual, que fazer bons investimentos.
Em simulações nos sites das empresas, um torcedor que viajar para acompanhar pelo país sete jogos de uma seleção que for até a decisão gastaria até R$ 4.000, ou mais do que o dobro do que um torcedor que foi à Copa da Alemanha gastou. Isso contando o preço cheio, para fazer igual número de deslocamentos nos modernos, e pontuais, trens alemães.
A Anac diz que existe liberdade tarifária para as empresas no país decidirem o quanto devem cobrar pelas passagens e que não vai intervir no assunto.
Mas, em um mercado com poucos concorrentes (só Gol e TAM têm malhas nacionais), a diferença no preço das passagens, principalmente fora das tarifas promocionais, é mínima, ficando em alguns trechos na casa dos centavos.


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