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UM PAÍS PARA A COPA/TRANSPORTE
Brasil aéreo é um grande pinga-pinga
Apenas Brasília conta com voos sem escalas para todas as outras cidades candidatas a jogos da Copa do Mundo de 2014
Anac afirma que malha aérea é questão de mercado, Gol diz confiar no governo para sucesso do Mundial, e TAM não comenta assunto
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Serão 12 sedes espalhadas
por um país com dimensões
continentais, o que torna o
avião meio único de deslocamento para milhares de turistas, além de centenas de atletas,
jornalistas e funcionários da
Fifa, que virão ao Brasil para a
Copa do Mundo de 2014.
Mas o Brasil aéreo não se
conversa. Pelo mapa atual de
rotas do país, apenas uma cidade, a capital, Brasília, tem voos
diretos para as outras 16 localidades que sonham em abrigar
as partidas da competição.
Rio Branco, no Acre, só tem
ligação direta por via aérea com
Brasília -três voos diários, que
somam capacidade de aproximadamente 500 pessoas.
Mesmo cidades de porte
maior contam com poucas ligações com o resto do país.
Porto Alegre, por exemplo, é
conectada sem escalas com
apenas outras cinco cidades
candidatas ao Mundial.
Nem o Rio de Janeiro, que
deve ser o centro nervoso da
Copa de 2014 -receberia a final e o comitê organizador-,
chega perto dos 100% de voos
diretos com outras cidades que
sonham com o Mundial. Dos
aeroportos cariocas partem
aviões, sem escalas, para 13
candidatas ao evento.
Na média, as cidades que seguem na disputa têm voos diretos com sete concorrentes.
Isso significa horas perdidas
em conexões. O tempo gasto
em escalas num hipotético roteiro por sete cidades para
acompanhar uma seleção finalista seria suficiente para um
voo entre São Paulo e Miami,
nos EUA -cerca de oito horas.
Jogo de empurra
O debate para incrementar a
malha aérea do país visando o
Mundial ainda não entusiasma.
Procurada pela Folha, a
Anac, a Agência Nacional de
Aviação Civil, que tem como
missão "adotar as medidas necessárias para o atendimento
do interesse público e para o
desenvolvimento e fomento da
aviação civil", disse, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que a malha aérea do país é
"uma questão de mercado" que
cabe à iniciativa privada.
A reportagem também procurou a opinião das principais
empresas do país. A Gol afirmou que "acredita que o governo está preparando o país para
a Copa, e as companhias aéreas
se empenharão para atender ao
público da melhor forma antes,
durante e depois dos jogos".
A TAM, a maior empresa aérea do Brasil, e patrocinadora
da CBF, não respondeu ao
questionário enviado no início
da semana passada.
Além das longas horas de viagem, que podem aumentar pela
infraestrutura aeroportuária
do país, os turistas que viajarem pelo país durante o Mundial terão, pelo cenário atual,
que fazer bons investimentos.
Em simulações nos sites das
empresas, um torcedor que
viajar para acompanhar pelo
país sete jogos de uma seleção
que for até a decisão gastaria
até R$ 4.000, ou mais do que o
dobro do que um torcedor que
foi à Copa da Alemanha gastou.
Isso contando o preço cheio,
para fazer igual número de deslocamentos nos modernos, e
pontuais, trens alemães.
A Anac diz que existe liberdade tarifária para as empresas
no país decidirem o quanto devem cobrar pelas passagens e
que não vai intervir no assunto.
Mas, em um mercado com
poucos concorrentes (só Gol e
TAM têm malhas nacionais), a
diferença no preço das passagens, principalmente fora das
tarifas promocionais, é mínima, ficando em alguns trechos
na casa dos centavos.
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