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TOSTÃO
O favorito é o pior
Como fui um fracasso no bolão da Copa, só vou apostar no time com menos chance de vencer. Vou acertar mais
NA COPA do Mundo, ficou ainda mais evidente que a estratégia de uma equipe depende muito mais da maneira com que
os jogadores ocupam os espaços no
campo do que do esquema tático desenhado em uma prancheta.
O Vasco, mesmo atuando com
dois meias ofensivos e dois atacantes, é um time bastante defensivo.
A estratégia do Renato é recuar,
atrair o adversário, iniciar a marcação no seu campo e contra-atacar.
Hoje, com a desvantagem de dois
gols, deve mudar de estilo.
Já Inter e São Paulo, que sempre
pressionam os adversários quando
atuam em seus estádios, deveriam
mudar de estratégia fora de casa?
Muitas vezes, o time visitante é
pressionado, acuado, independentemente dos desejos dos técnicos.
Abel e Muricy, como qualquer
bom técnico, devem estar com dúvida sobre a postura do time. Só os
medíocres e/ou os prepotentes têm
certeza de tudo.
O único time do mundo que quase
sempre joga da mesma forma, dentro e fora de casa, mesmo contra adversários fortes como Milan, Chelsea e Arsenal, é o Barcelona, dirigido
pelo Rijkaard, bicampeão da Espanha e campeão da Europa.
Nos últimos dez anos, os únicos
treinadores do mundo que saíram
da mesmice tática, por um período
longo e regular, foram o Rijkaard e o
Marcelo Bielsa, ex-técnico da seleção da Argentina, o que não significa
que sempre tiveram êxito.
A Argentina, que tinha um excepcional conjunto durante quatro
anos de preparação para a Copa do
Mundo de 2002, foi naquele Mundial o Brasil de 2006.
Volto à Libertadores. Pelas características dos volantes Mineiro e Josué, que se destacam pela marcação
em quase todo o campo, será difícil
para o São Paulo ficar jogando muito
atrás, esperando o Chivas para contra-atacar.
Uma dificuldade tática do São
Paulo, que não tem sido importante
por causa da enorme eficiência do
Mineiro e Josué no desarme, são os
espaços que o time deixa entre os
volantes e os zagueiros. Josué e Mineiro avançam na marcação e os zagueiros ficam lá atrás. Por também
desarmar mais à frente, o Estudiantes, na semana passada, tinha com
freqüência um jogador livre conduzindo a bola para cima dos zagueiros
do São Paulo.
França e Itália mostraram ótimas
defesas na Copa porque deixavam
pouquíssimos espaços nas costas
dos zagueiros e entre esses e os volantes. Os defensores marcavam um
pouco mais à frente, na sua intermediária, e os armadores pressionavam
o adversário no meio-campo.
Já Gana colocou os zagueiros quase no meio-campo, deixando muitos
espaços nas costas dos defensores
para os lançamentos longos. Assim
saíram os três gols do Brasil.
Teremos hoje e amanhã jogos
equilibrados. Como fui um fracasso
no bolão que participei na Copa, só
vou apostar daqui para frente no time que, teoricamente, tem menos
chance de vencer. Agora, o favorito é
o pior. Vou acertar mais.
Precisamos também mudar alguns conceitos sobre a qualidade
dos jogadores e dos times.
Se o Vasco ganhar o título da Copa
do Brasil, será considerado uma
grande surpresa, já que o Flamengo
tem a vantagem de dois gols? Não
sei. Falam muito que 2 a 0 é um resultado perigoso. É mais perigoso
que 3 a 0 e menos que 1 a 0.
Atitude
Na sua primeira entrevista, Dunga
falou em motivação, doação dos jogadores, vontade de vestir a camisa
amarela, garra. Não poderia faltar
também a palavra atitude.
Neste momento, tudo isso agrada
bastante à opinião pública. Mas é
uma grosseira simplificação, uma
estreiteza, achar que o Brasil perdeu somente por falta de vibração.
tostao.folha@uol.com.br
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