São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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MOTOR

Um século

Primeira corrida da história do Brasil aconteceu há exatos cem anos em trajeto de 75 km entre São Paulo e Itapecerica

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

AMEAÇAVA chover em São Paulo na manhã daquele 26 de julho. A multidão parecia não se importar. Um a um, os bondes despejavam curiosos diante do Parque Antarctica . Outros chegavam a pé ou de bicicleta. Poucos foram de carro. Pudera. Eram 117 os automóveis em toda São Paulo. E 10 deles estavam inscritos na corrida que inauguraria o esporte a motor no Brasil. Em 26 de julho de 1908, há cem anos, começou a história que levou a oito títulos na F-1, a cinco conquistas entre Indy, IRL e Champ Car, a cinco vitórias em Indianápolis, a uma legião de torcedores, a heróis e anti-heróis, a glórias e tragédias. Uma história que começou com público de 10 mil pessoas e já com muita sorte. Único estrangeiro inscrito, o francês Jacques Lesdain, primeiro homem a fazer Rio-São Paulo de carro (em 45 dias!) e favorito à vitória, bateu num portão a caminho da largada (!!) e não pôde participar. Assim, a corrida foi disputada por 15 carros -cinco trazidos do Rio, de navio- e três motocicletas. O formato, contra o relógio. O circuito, um desvario para a São Paulo atual. Os carros saíam do Parque Antarctica, seguiam pela Francisco Matarazzo, subiam a Cardoso de Almeida, pegavam a Dr. Arnaldo, desciam a Teodoro Sampaio, passavam em frente ao Mercado de Pinheiros, atravessavam a ponte metálica sobre o rio Pinheiros e pegavam a estrada até Itapecerica. Na "volta", tomavam o caminho de Santo Amaro, subiam a Brigadeiro Luís Antônio, viravam à esquerda na Paulista, pegavam de novo a Dr. Arnaldo, desciam a Cardoso. O total, 75 km. A vitória nos carros foi de Silvyo Álvares Penteado. Nas motos, de Eduardo Nielsen. E as aventuras e desventuras da prova preencheriam facilmente dez colunas como esta. Hoje, pare por um instante e agradeça a Penteado, Nielsen, Luis Moraes, Jordano Laport, Frederico Otto, Jorge Haentjens, Gastão de Almeida, Oswaldo Sampaio, Alípio Borba, Paulo Prado, Ricardo Vilela, Fúlvio Bassi, Antonio Prado Júnior, José Prates, Luiz Prado, Ferrúcio Olivieri, Procópio Ferraz, João Rosas. Eternos heróis, todos eles.

EM CASA-1
Nelsinho contou com a sorte, fez questão de ressaltar isso, mas teve o mérito de não sucumbir à pressão de andar na frente. Por coincidência, a 20 km de Heidelberg, onde nasceu, o piloto da claudicante Renault renasceu para o esporte.

EM CASA-2
A McLaren venceu em Silverstone e Hockenheim e vê pela frente dois GPs em circuitos travados, onde se dá melhor que a Ferrari. O Mundial já virou completamente. Está hoje nas mãos de Hamilton.

LONGE DE CASA
Vou até ali, na China. Esta coluna volta no último sábado de agosto.

fseixas@folhasp.com.br



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