São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

Campeão de vendas


Duas campanhas simbólicas marcam o êxodo no meio do Brasileiro: as do Cruzeiro em 2003 e do Flamengo em 2008


HÁ DUAS campanhas simbólicas, entre aquelas afetadas pelo êxodo no meio de um Brasileirão. O exemplo de sucesso é o Cruzeiro, de Luxemburgo, em 2003. Saíram da Toca da Raposa jogadores fundamentais, como o atacante Deivid e o zagueiro Luisão, e outros secundários numa lista de seis vendas, que incluiu Paulo Miranda, Claudinei, Marcelo Ramos e Jussiê. O Cruzeiro sobreviveu.
O exemplo ruim é o do Flamengo do ano passado. Caio Júnior passou meses explicando que caiu da liderança e passou sete jogos sem vencer a partir do momento em que perdeu o ataque. Saíram Renato Augusto, Marcinho e Souza.
O Cruzeiro ganhou o Brasileirão com 13 pontos de vantagem, o Flamengo não chegou nem à zona de classificação para a Libertadores. O terceiro exemplo é o Santos, campeão em 2004 depois de vender Diego, Alex, Renato e Paulo Almeida e contratar Deivid e Ricardinho.
O Corinthians não tem esse poder de compra. Seu desmanche causa a impressão em muitos de que segue a trilha do Flamengo. Seu futebol dá a noção de que pode terminar o ano como o Cruzeiro.
Não, nem Mano Menezes tem a pretensão de abrir 13 pontos de vantagem, mas a comparação se justifica porque o Cruzeiro de 2003 é o único na história a acumular o título brasileiro, no segundo semestre, ao da Copa do Brasil. O Corinthians, acredite, tem duas características que permitem imaginar esse desfecho: calma e planejamento.
"Dos titulares, só podem sair Douglas e Felipe. Nosso time vai jogar bem, disputar a parte de cima da tabela e ficar ainda mais forte em 2010", disse o presidente Andrés Sanchez, depois das vendas de André Santos e Cristian.
A lista de desfalques inclui nomes secundários. Lulinha vai para o Estoril, clube da Traffic; Marcelo Oliveira, para o Dínamo de Kiev.
Qual a maneira correta de lidar com o drama do êxodo no meio de uma campanha? A resposta é o retrato sereno do técnico Mano Menezes. "Eu entendo que o técnico está aqui para enfrentar o problema".
Para quem segue o pânico das páginas de jornais, vale outra lembrança cruzeirense. Após ganhar a Copa do Brasil e perder atletas, o Cruzeiro de Alex e Luxemburgo empatou por 0 a 0 o clássico com o Atlético, perdeu por 3 a 0 para o Flamengo, venceu o Juventude jogando mal e, sofrendo, fez 3 a 2 no Inter. "Neste momento da temporada, o time precisa de um certo relaxamento, e o objetivo é manter uma distância que permita disputar o título, quando este momento passar", diz Mano.
O técnico repete que tudo está correndo dentro dos planos, quando é questionado por levar três gols do Sport, permitir chances de gol ao Cruzeiro, quase sofrer o empate do Vitória. Ao falar dos problemas do Corinthians nesses jogos, omite-se um detalhe: o Corinthians ganhou.
Em comum com 2003, o campeonato de 2009 tem poucos times tão fortes como o campeão da Copa do Brasil, especialmente com o Inter em queda. Diferente de 2003, o técnico mais vencedor dos últimos anos está do outro lado. Se o Palmeiras virar rival pelo título, Muricy pode representar, no Parque São Jorge, um problema mais importante do que o desmanche.

pvc@uol.com.br


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