São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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Sem vergonha

Ferrari manipula o GP da Alemanha, ao pedir que Massa ceda vitória a Alonso, e recebe multa de US$ 100 mil da FIA

Christof Stache/France Presse
Felipe Massa, ontem, em Hockenheim

GP da Alemanha
1º F. Alonso 1h27min38s864
2º F. Massa 1h27min43s060
3º S. Vettel 1h27min43s985

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A HOCKENHEIM

"Bom trabalho. Felipe Massa está de volta, de volta ao jogo. Você foi magnânimo. Você não deve saber o que isso significa, mas depois eu explico."
Foi assim que o engenheiro Rob Smedley tentou animar o piloto brasileiro ao cruzar a linha de chegada no segundo lugar ontem, no GP da Alemanha, após ter recebido ordens indiretas da Ferrari para ceder, 18 voltas antes, a primeira colocação para seu colega, Fernando Alonso.
A Ferrari saiu de Hockenheim com a segunda dobradinha no ano, mas com US$ 100 mil a menos. Foi punida pela FIA pela inversão de posições -o regulamento proíbe as ordens de equipe.
Segundo a entidade, a Ferrari violou o artigo 39.1 do Regulamento Esportivo, sobre ordens de time, e o artigo 151c do Código Esportivo Internacional, que visa evitar "conduta fraudulenta ou ato prejudicial aos interesses de qualquer competição ou do esporte a motor". O caso ainda será levado ao Conselho Mundial da FIA, o que pode acarretar em mais punição.

"SITUAÇÃO RIDÍCULA"
A polêmica começou porque Massa, terceiro no grid, assumiu a ponta na largada, passando Sebastian Vettel, pole, e Alonso, segundo, que também passou o alemão.
Insatisfeito por não conseguir superar o colega, o espanhol reclamou via rádio: "Esta situação é ridícula".
Passadas as trocas de pneus, as colocações continuavam inalteradas, com Massa, Alonso e Vettel na frente e os ferraristas alternando os tempos de volta. Cada hora um era mais veloz.
Na 48ª volta, veio a deixa para que Massa abrisse caminho. "Então... Fernando é mais veloz que você", disse Smedley, via rádio. "Você pode confirmar que entendeu a mensagem?", seguiu.
O brasileiro, que fazia voltas na casa de 1min17s, subiu seu tempo para 1min19s, e Alonso o ultrapassou.
"Agora só fique na cola dele [Alonso]. Desculpe", disse Smedley ao ver a manobra.
Até o final da prova, os tempos dos dois voltaram a se alternar e as posições continuaram as mesmas.
No pódio, a festa chocha dos ferraristas não condizia com a dobradinha que acabara de encerrar um jejum de dez corridas sem vencer.
"Explicamos ao Felipe qual era a situação. Às vezes uma disputa pode não ser o melhor para uma equipe", justificou Stefano Domenicali, chefe da Ferrari. "Aquela era a informação que queríamos passar e deixamos para nossos pilotos decidirem."
Para ele, a equipe ter "sugerido" que o brasileiro cedesse seu lugar a Alonso não significa que haja primeiro e segundo piloto no time.
"Sabemos que seria importante a vitória para ele hoje [ontem completou um ano do grave acidente de Massa na Hungria], mas sei que, na próxima chance que tivermos, Felipe vai ser mais veloz", declarou Domenicali.


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