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Sem vergonha
Ferrari manipula o GP da Alemanha, ao pedir que Massa ceda vitória a Alonso, e recebe multa de US$ 100 mil da FIA
Christof Stache/France Presse
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Felipe Massa, ontem, em Hockenheim
GP da Alemanha
1º F. Alonso 1h27min38s864
2º F. Massa 1h27min43s060
3º S. Vettel 1h27min43s985
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A HOCKENHEIM
"Bom trabalho. Felipe
Massa está de volta, de volta
ao jogo. Você foi magnânimo. Você não deve saber
o que isso significa, mas
depois eu explico."
Foi assim que o engenheiro Rob Smedley tentou animar o piloto brasileiro ao cruzar a linha de chegada no segundo lugar ontem, no GP da
Alemanha, após ter recebido
ordens indiretas da Ferrari
para ceder, 18 voltas antes, a
primeira colocação para seu
colega, Fernando Alonso.
A Ferrari saiu de Hockenheim com a segunda dobradinha no ano, mas com US$
100 mil a menos. Foi punida
pela FIA pela inversão de posições -o regulamento proíbe as ordens de equipe.
Segundo a entidade, a Ferrari violou o artigo 39.1 do Regulamento Esportivo, sobre
ordens de time, e o artigo 151c
do Código Esportivo Internacional, que visa evitar "conduta fraudulenta ou ato prejudicial aos interesses de
qualquer competição ou do
esporte a motor". O caso ainda será levado ao Conselho
Mundial da FIA, o que pode
acarretar em mais punição.
"SITUAÇÃO RIDÍCULA"
A polêmica começou porque Massa, terceiro no grid,
assumiu a ponta na largada,
passando Sebastian Vettel,
pole, e Alonso, segundo, que
também passou o alemão.
Insatisfeito por não conseguir superar o colega, o espanhol reclamou via rádio: "Esta situação é ridícula".
Passadas as trocas de
pneus, as colocações continuavam inalteradas, com
Massa, Alonso e Vettel na
frente e os ferraristas alternando os tempos de volta.
Cada hora um era mais veloz.
Na 48ª volta, veio a deixa
para que Massa abrisse caminho. "Então... Fernando é
mais veloz que você", disse
Smedley, via rádio. "Você
pode confirmar que entendeu a mensagem?", seguiu.
O brasileiro, que fazia voltas na casa de 1min17s, subiu
seu tempo para 1min19s,
e Alonso o ultrapassou.
"Agora só fique na cola dele [Alonso]. Desculpe", disse
Smedley ao ver a manobra.
Até o final da prova, os
tempos dos dois voltaram a
se alternar e as posições continuaram as mesmas.
No pódio, a festa chocha
dos ferraristas não condizia
com a dobradinha que acabara de encerrar um jejum de
dez corridas sem vencer.
"Explicamos ao Felipe
qual era a situação. Às vezes
uma disputa pode não ser o
melhor para uma equipe",
justificou Stefano Domenicali, chefe da Ferrari. "Aquela
era a informação que queríamos passar e deixamos para
nossos pilotos decidirem."
Para ele, a equipe ter "sugerido" que o brasileiro cedesse seu lugar a Alonso não
significa que haja primeiro e
segundo piloto no time.
"Sabemos que seria importante a vitória para ele hoje [ontem completou um ano
do grave acidente de Massa
na Hungria], mas sei que, na
próxima chance que tivermos, Felipe vai ser mais veloz", declarou Domenicali.
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