São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Desabafo

Cielo ganha e chora, mas não sensibiliza colegas que discordam do desfecho do seu caso de doping

Francois Xavier Marit/France Presse
Cielo nada para o ouro no Mundial

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Cesar Cielo nadou os 50 m borboleta, bateu a mão na borda em primeiro, vibrou, desabou em lágrimas e arrancou aplausos do público.
Era sua primeira medalha de ouro no Mundial de Xangai. Um desabafo após o encerramento de seu controverso caso de doping. A mais difícil fase de sua carreira.
"Esta medalha tem um sentimento diferente, acho que foi a mais difícil que tive na vida", afirmou Cielo, 24.
"Tem sido um fase dura, que não esperava de jeito nenhum para a minha carreira.
Tenho de lidar com isso. Sinto alívio por ter passado por isso e poder competir em alto nível. Foi um tempo de testar não só meu talento, mas também o quanto eu consigo aguentar e ainda ficar de pé."
Cielo provou na água que é capaz de deixar para trás o episódio. Nadou a final em 23s10 e superou os australianos Matthew Targett (23s28) e Geoff Huegill (23s35).
Seu caso de doping, entretanto, ainda é o principal assunto do Mundial na China.
Técnicos e nadadores já manifestaram descontentamento com a pena de advertência dada ao brasileiro.
Ontem, o campeão mundial foi questionado sobre vaias vindas dos atletas e manifestação de descontentamento de um rival. Situação que, parece, não dará trégua tão cedo -Cielo ainda nadará os 50 m e os 100 m livre.
O sul-africano Roland Schoeman, campeão olímpico e mundial, escreveu no Twitter, depois da final dos 50 m borboleta, que tirava o chapéu para Jason Dunford, sétimo colocado na prova.
"Ele mostrou o sentimento de muitos nadadores." O queniano fez gesto com os polegares para baixo.
Questionado, Cielo disse considerar que Dunford mostrou estar insatisfeito com seu próprio resultado.
Já Targett defendeu o amigo brasileiro. "Gestos como o de Dunford não fazem as coisas melhores", declarou. Fred Bousquet, que também foi companheiro de Cielo nos EUA, seguiu a mesma linha. "Se cada um começar a colocar um ponto negativo, não sairemos desta", disse o francês, quarto colocado.
Cielo e mais três brasileiros testaram positivo em antidoping em maio. A confederação brasileira lhes deu apenas uma advertência. A Federação Internacional de Natação recorreu à Corte de Arbitragem do Esporte e pediu três meses de suspensão.
Em decisão tomada às vésperas do Mundial, a CAS manteve a pena mínima para Cielo e dois dos nadadores.
O outro (Vinícius Waked), por ser reincidente, acabou suspenso por um ano.
No sábado, primeira vez em que falou após o fim do caso, Cielo disse ter deixado "a controvérsia para trás". Ontem, afirmou que virou a página do doping. "Tem sido um processo de aprendizado. Fiquei mais maduro, uma pessoa mais forte e um nadador mais experiente."
O próximo capítulo dessa nova história começa hoje, nos 100 m livre. Nas eliminatórias, testará de novo sua preparação para a competição na água e para lidar com as manifestações fora dela.


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