São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Classificado para Londres-2012 pedala para esquecer passado DE SÃO PAULO O álbum do Facebook de Adrien Niyonshuti tem a foto de uma placa em forma de coração com uma bicicleta no centro. Abaixo, está escrito "My favorite" (Minha favorita, em inglês). Não é à toa. Apesar de um passado trágico, cujas piores memórias não estão circunscritas apenas ao genocídio, Adrien, 24, obteve em fevereiro a classificação para Londres-2012. Daqui a um ano, será o primeiro ciclista de Ruanda a competir em uma Olimpíada desde Barcelona-1992. Mais do que a glória de virar um atleta olímpico, a bicicleta dá a Adrien a chance de fugir das lembranças. Se passa alguns dias sem pedalar, as memórias vêm à tona, junto com uma dor de cabeça. "Tenho essas dores de cabeça há seis ou oito anos", declarou o ciclista à Folha. Adrien tinha sete anos na época do genocídio. De origem tutsi, a maior parte de sua família foi dizimada. O atleta perdeu seis irmãos e também um tio, de quem herdou a bicicleta com que deu suas primeiras pedaladas. Em 2007, o ciclista foi "descoberto" por Jock Boyer ao vencer uma corrida de bicicletas de madeira. "Gostei dele desde a primeira vez que o vi", afirmou Boyer. "Adrien é uma pessoa e um ciclista de primeira classe. É como um filho para mim", completou. Com Boyer, Adrien começou a atingir bons resultados. E em 2008 assinou seu primeiro contrato profissional com a equipe sul-africana MTN, a maior da África. Nesse ano, sofreu duas perdas. Primeiro, seu pai morreu. Logo depois, Godfrey Gahemba, seu "afilhado" no Team Rwanda, foi atropelado ao seu lado. Em 2009, a casa dos ciclistas da MTN foi invadida por ladrões armados. Adrien saiu ileso, mas as memórias do genocídio vieram à tona. Com essa trajetória, ele disse que não imaginava que iria um dia a uma Olimpíada. Nesta semana, entretanto, seu sonho já começará a tomar forma. Será um dos dois africanos que disputarão o evento-teste de mountain bike em Londres. (MB) Texto Anterior: Bicicletas de Ruanda Próximo Texto: Saiba mais: Conflito entre etnias deixou 800 mil mortos Índice | Comunicar Erros

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