São Paulo, domingo, 26 de julho de 1998

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Clássicos paroquiais reacendem torcedores

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Fez bem a CBF em marcar para este domingo -sequência da abertura do Campeonato Brasileiro- uma série de clássicos paroquiais. Afinal, quase sempre depois de uma Copa perdida, há, com a saturação do exótico e a frustração com o nacional expresso nas cores da seleção batida, uma compulsão para a volta ao lar.
E nada melhor para o torcedor paulista, por exemplo, que um Palmeiras e São Paulo, no Pacaembu, numa tarde de domingo, embora o horário das 16 horas não se justifique, sobretudo nesta invernal metrópole. Só não arrisco profetizar um espetáculo à altura da expectativa, já que tanto tricolores quanto palestrinos vêm tateando neste período de pré-temporada, em busca de suas melhores formações.
Felipão, por exemplo, até agora, às vésperas do clássico, ainda não definiu se embica seu time para jogar no tradicional 4-4-2, com dois volantes típicos, ou se apela para um suposto 3-5-2, enfiando Roque Júnior como terceiro zagueiro.
Nelsinho, por seu lado, também hesita em montar sua dupla de zaga entre Capitão e Rogério Pinheiro ao lado de Márcio Santos, não por razões defensivas, mas ao contrário: quem vai assumir as funções de Denílson? Com Carlos Miguel machucado, só lhe resta Marcelinho, cujo perfil futebolístico é o que mais se aproxima do craque perdido, embora sem a mesma genialidade.
Ah, sim, mas agora temos Raí, dirá eufórico o tricolor da arquibancada. Sem dúvida, trata-se de um reforço significativo. Não só pela bola que o moço joga, mas, principalmente, pela empatia que Raí tem com essa torcida. Mas, na verdade, quem desequilibrava naquele São Paulo campeão paulista era mesmo Denílson.
Quanto ao Palestra, segue naquela toada pampeira, ao som da gaita de Felipão, em busca do espírito guerreiro do Grêmio de outrora. Mas o que vi, diante do Corinthians, na Bahia, em outro dia, não dá para animar muito, não.
Enfim, é bola rolando, no nosso campo, onde sempre somos os reis.

E o Corinthians, então, vendeu o passe de Souza para o São Paulo? A impressão geral é a de que foi um bom negócio para os três, pois Souza, no Corinthians, só fez involuir nas duas últimas temporadas, e o tricolor carrega a fama de ser um ambiente mais propício para recuperar jogadores que sofrem da síndrome do desamor de sua própria torcida.
Pode ser. No passado, já houve casos, como o de Mirandinha, lembram-se? O artilheiro era execrado no Parque, virou sinônimo de grossura, até que se transferiu para o Morumbi. De lá, do topo de uma montanha de gols, foi um passo para chegar à Copa da Alemanha.
Uma coisa é certa: Souza possui uma habilidade incomparável naquele pé esquerdo. Certa vez, Marcelinho, do Corinthians, me confidenciou que o considerava o mais habilidoso jogador do Brasil.
Mas, cadê a têmpera? O Souza, capaz de um drible mirabolante, é o mesmo que some por longos períodos da partida, ainda que em fervilhante decisão. Quem sabe, não?

Antes de a bola rolar, meus favoritos ao título: Vasco, Cruzeiro, Botafogo e São Paulo.


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras


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