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FUTEBOL
Time recebe injeção de R$ 6 milhões em troca de ações e volta à elite
Empresários fazem Ponte
Preta virar "bom negócio'
MAÉRCIO SANTAMARINA
enviado especial a Campinas
Depois de transformar um time
de futebol praticamente falido em
um bom negócio, um grupo de
empresários de Campinas que
conseguiu trazer a Ponte Preta de
volta à elite do futebol brasileiro
investindo R$ 6 milhões do próprio bolso prepara-se para assumir parte das ações do clube, com
a abertura de seu capital.
A transformação da Ponte Preta
em sociedade anônima, processo
que deve ser concretizado dentro
de 60 dias, com a aprovação de seu
Conselho Deliberativo, promete
trazer ainda dois novos parceiros
para investimentos, os bancos Fibra e Liberal, que também terão
direito a ações.
Foram 11 anos e sete meses desde
a sua última partida em um campeonato nacional de primeira divisão (em dezembro de 86, no empate de 0 a 0 com o Santos, no estádio Moisés Lucarelli). Hoje a Ponte Preta faz a sua reestréia, em um
clássico campineiro contra o Guarani, no estádio Brinco de Ouro.
O processo de recuperação começou há pouco menos de dois
anos, com a posse do atual presidente, o empresário Sérgio Carnielli, 52, que se tornou o principal
investidor no clube, com apoio de
conselheiros, também empresários "amantes do futebol".
Nesse período, a Ponte subiu da
Série C para a Série A do Brasileiro
-contando com a ajuda da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) para, sem jogar, ser içada à
Série B após sua queda à terceira
divisão em 95.
Proprietário da empresa Tecnol,
segundo ele a maior fabricante de
óculos da América Latina, Carnielli dá como certo o retorno do
capital investido e ainda a atração
de novos investidores.
"Conseguimos empréstimos,
além de doações, de empresários
que acreditavam na abertura de
capital da empresa para converter
os débitos em ações. Com a criação da Ponte Preta S.A., todo investimento será convertido em
ações, inclusive as dívidas", afirma Carnielli.
Além do lado econômico, ele
passou a ser visto como uma espécie de "herói" pelos torcedores
ponte-pretanos e assediado pelos
políticos da cidade.
"Ele faz uma administração
heróica. Conseguiu aglutinar todas as alas com o amor inexplicável que tem pelo clube", diz o presidente da torcida Jovem, a maior
entre as três organizadas do time,
Cláudio Henrique Albuquerque.
Embora ligado ao grupo político
do atual prefeito de Campinas,
Francisco Amaral (PPB), ele se diz
apolítico. "Sou, sim, muito procurado por partidos políticos, mas
não tenho nenhum interesse em
política. Gosto é de futebol", diz.
"Concordei em passar a presidência ao Carnielli porque ele disse que investiria R$ 1 milhão por
mês de seu próprio bolso. Tive que
abdicar em favor de uma pessoa
que tinha dinheiro, pois só assim
seria possível salvar a Ponte Preta", diz o fisioterapeuta Nivaldo
Baldo, que dirigiu o clube de janeiro a setembro de 96, período em
que Carnielli foi vice.
Sucessor dos ex-presidentes
Marco Chedid e Peri Chaib, Baldo
afirma que o clube tinha um rombo histórico impossível de se estimar mesmo com auditoria. "A
cada dia surgiam novas dívidas. A
Ponte estava para fechar."
Os empresários aglutinados em
torno do nome de Carnielli custeiam os atuais R$ 350 mil mensais
gastos com futebol -R$ 250 mil
só com folha de pagamento.
A receita obtida junto aos associados é usada para a manutenção
das duas sedes do clube.
A meta inicial, segundo o diretor
do departamento de futebol profissional da Ponte, Marco Eberlin,
era para que a equipe voltasse à
elite do futebol em três anos para
só depois começar a pensar em títulos. Como essa meta foi antecipada, os sonhos já aumentaram.
"Agora queremos quebrar a
tradição da Ponte de ser apenas vice, como ocorreu nos campeonatos paulistas de 70, 77, 79 e 81 (no
Brasileiro, sua melhor colocação
foi um terceiro lugar, em 81). Da
forma como as coisas caminham,
já dá para começar sonhar com o
primeiro lugar", afirma Eberlin.
Para o atual técnico do time profissional, Celso Teixeira, o momento que a Ponte vive hoje representa um desafio para o time fazer
um bom campeonato e acabar de
resgatar a imagem do clube.
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