São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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Leão exibe seu poder em dia de punições

Jornalistas e torcedores são excluídos de tribuna, e meia Ramon é multado

Nem zagueiro Marinho, que teve um falecimento na família, escapa do rigor, apesar de ser mantido entre os titulares para amanhã


Raimundo Pacco/Folha Imagem
Carlos Alberto gesticula durante sessão de alongamento do Corinthians no Parque São Jorge


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizendo-se satisfeito com seu início no clube, o técnico Leão demonstrou ter mesmo carta-branca da diretoria e não poupou ninguém ontem no treino do Corinthians, que segue na zona de rebaixamento.
Após mais de três horas de treino, houve anúncio de punições ao meia Ramon e ao zagueiro Marinho. Mas os alvos não foram só os jogadores. Jornalistas e torcedores tiveram que deixar arquibancadas onde acompanhavam o treino.
"O Ramon, com conjuntivite, infelizmente não viajou para Caxias do Sul. Foi recomendado afastamento do elenco e repouso. A notícia de que ele foi visto numa boate mostra que não atendeu aos cuidados médicos", disse Leão, informando que o meia será multado.
Já Marinho teve que comparecer ao enterro da avó de sua mulher e, mesmo assim, será advertido. O motivo: ele revelou o problema, disse ao clube que não iria ao treino e não pediu liberação. "Ele é o titular. O erro foi de comunicação", afirmou Leão, que no final da tarde perdeu o volante Marcelo Mattos, suspenso pelo STJD.
Caso tenha se sentido injustiçado por ter sido obrigado a deixar o setor da arquibancada atrás de um dos gols do Parque São Jorge, um grupo alunos de uma das escolinhas de futebol do clube deve se queixar com o diretor de futebol do Corinthians, Edvar Simões.
O dirigente nunca antes havia determinado a evacuação do local, mas ontem tomou tal decisão -curiosamente idêntica a um pedido de Leão referente à outra arquibancada atrás do gol: que fosse desocupada por jornalistas.
Na entrevista coletiva, o treinador -que chegou ao Corinthians se dizendo um representante da torcida no elenco- fez questão de que a assessoria de imprensa do clube destacasse que a decisão de tirar as crianças do local não havia sido dele.
Por outro lado, Leão assumiu que a decisão de tirar os fotógrafos do gramado durante o treinamento coletivo era dele. "Não temos espaço físico", justificou o técnico, apontando que um eventual choque de um atleta com um tripé de câmera poderia causar problemas.
Nos mais de 40 minutos em que falou aos jornalistas, Leão pregou a adoção de uma rotina no elenco, para evitar mais problemas extracampo. "Sempre surge um fato novo. Temos que reduzir os fatos novos", falou ele, que, além de responder às questões que lhe faziam, insistiu em comentar muitas delas -como é de seu estilo.
Mas, minutos antes desta declaração, o próprio técnico havia, ainda que inconscientemente, contribuído com o problema que pretende exterminar. Sem ser interrogado sobre o assunto, Leão denunciou o que qualificou como "uma notícia desagradavelmente plantada" que ele teria expulsado do vestiário do Corinthians dois funcionários da MSI.
Anteontem, a Folha indagara ao técnico se ele havia tomado tal medida. Após a negativa de Leão, não foi publicado nada sobre o assunto, que o treinador divulgou no clube.


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