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JOSÉ GERALDO COUTO
Homem morde cão em Mônaco
Vitória do Sevilla sobre o Barcelona na Supercopa mostra ao Inter que o time de Ronaldinho não é imbatível
FAZ TEMPO que esta coluna não
comenta um jogo de futebol,
não é verdade? Mas hoje vai
comentar. O jogo é Sevilla 3 x 0 Barcelona, na final da Supercopa européia. Liguei a TV para ver Ronaldinho, acabei vendo Renato e um punhado de jogadores igualmente eficientes, discretos e classudos do time sevilhano.
A vitória do Sevilla, que surpreendeu a todos, sobretudo pelo placar
elástico, veio comprovar uma coisa
que muitos insistem em ignorar: para vencer um grande time, repleto
de atletas fora-de-série, não é preciso dar botinada, nem jogar feio, nem
mesmo armar uma triste retranca.
O time de Renato e Luis Fabiano
não só foi perfeito na marcação,
anulando Ronaldinho, Messi, Eto'o
e companhia, mas também soube
atacar com veneno e competência.
Além dos três gols que fez, teve um
pênalti não marcado a seu favor e ao
menos duas chances perdidas cara a
cara. Poderia ter sido uma goleada
histórica. Ou seja, o antídoto contra
o futebol exuberante de um Barcelona não é o antijogo, mas sim um futebol altamente técnico e inteligente. Se um time joga muito, o outro
tem que jogar mais ainda. Foi isso o
que fez o Sevilla ontem em Mônaco.
Como a maioria dos brasileiros
que acompanham o futebol europeu, comecei torcendo pelo Barça,
mas não fiquei triste com o resultado. Muito pelo contrário. A partida
proporcionou inúmeras alegrias.
A primeira foi ver, entre os 22 atletas que iniciaram o jogo, nada menos do que nove brasileiros, cinco do
Barcelona e quatro do Sevilla. Entre
todos, quem jogou mais foi Renato,
perfeito na marcação, na armação e
no ataque. Além de ter feito o primeiro gol, em jogada iniciada por ele
próprio, o ex-santista ainda bateu o
escanteio que resultou no segundo e
quase fez outro, de cabeça.
A segunda alegria, que compartilho com os amigos colorados, foi
constatar que o Barcelona, por
maior que seja, não é imbatível. O time de Rijkaard atuou com todas as
suas estrelas, bem preparado fisicamente e com muita vontade de vencer. Perdeu porque o Sevilla foi melhor, simplesmente.
Em vista disso, o Inter pode sonhar com a difícil tarefa de vencer a
equipe catalã no Mundial interclubes, no fim do ano. Mas convém
lembrar que o Barça estará reforçado de Thuram e Zambrotta, enquanto o Inter terá perdido alguns de
seus principais atletas.
Uma terceira alegria, que tem a
ver com o espírito de porco típico da
profissão de jornalista, foi o caráter
de "zebra" do resultado. O Barcelona ganhar seria o normal, a não-notícia, como a história do cachorro
que mordeu o homem. Notícia, como se sabe, é quando o homem morde o cachorro.
Em vista de tudo isso, saúdo aqui o
grande triunfo andaluz, que vem nos
lembrar a verdade óbvia de que nenhuma partida se decide na véspera
e que é jogando bola que se vence o
jogo da bola.
RODADA QUENTE
O segundo turno do Brasileirão
começa fervendo, com Flamengo x
São Paulo, Inter x Vasco, Corinthians x Grêmio, entre outros duelos de soltar faísca. Agora, quase
não haverá jogos frouxos, pontos
inúteis, perda de tempo. Cada pontinho, cada golzinho feito ou perdido determinará o destino dos clubes. Para alguns, dá para sonhar
com a glória; para outros, só cabe
correr para escapar do abismo.
TEVEZ X LEÃO
Tevez, o jogador mais importante do Corinthians desde a fase áurea de Marcelinho, sai de forma
triste, fustigado por um técnico que
não admite ver alguém brilhar mais
que ele. Repito o que escrevi há meses: poucos atletas honraram tanto
a camisa alvinegra, com talento e
garra, quanto o argentino. Vai deixar saudades. Ao contrário de Leão.
jgcouto@uol.com.br
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