São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Dinheiro público dita projetos da Copa

Entre as 18 candidatas a abrigar jogos do Mundial no Brasil, 11 cidades admitem verbas do Estado em praças esportivas

Planos exibidos a inspetores da Fifa no país contrariam discurso da CBF, que fizera promessa de que estádios só usariam recursos privados

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

No Brasil desde quinta-feira, os inspetores da Fifa encontram-se com governantes dispostos a derramar dinheiro público em estádios para a Copa de 2014. Os projetos vão na contramão da posição de Ricardo Teixeira, que prometia só recursos privados nas arenas.
Levantamento da Folha com 16 das 18 candidatas a receber jogos do evento mostra que pelo menos 11 projetos prevêem dinheiro dos Estados ou cogitam a possibilidade de usá-lo.
Entre as cidades que pretendem obter dinheiro com empresas, nenhuma tem acordo fechado com interessados em construir as praças esportivas.
As 11 cidades que fizeram um levantamento dos gastos estimam que seus estádios custarão um total de R$ 2,2 bilhões.
Questionada pela Folha, a CBF não se pronunciou -Teixeira não foi localizado.
Cartola da Fifa disse aos brasileiros que a entidade não dará diretamente verba para os Estados usarem nas arenas. Fará repasses ao comitê organizador, que decidirá o que fazer.
A Fifa deve enviar US$ 1 bilhão. O São Paulo é um dos que contam com o dinheiro dela.
Na Copa da Alemanha, estádios foram bancados por clubes, firmas e órgãos públicos.
Desde sexta, os inspetores da Fifa ouvem representantes das 18 candidatas. E visitarão cinco delas: Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, a partir de amanhã -a entidade dirá em outubro se o Brasil, candidato único ao Mundial, é capaz de abrigá-lo.
A reforma de praças implica dinheiro público porque a maioria pertence aos Estados.
"A obra será totalmente financiada pelo governo do Estado", contou a secretária de Esporte do Pará, Maria Lúcia de Penedo, sobre o Mangueirão.
MT, MS, BA, GO, PE, AC, SC e RN pensam em dividir as despesas com empresas.
Em Recife, o custo do novo estádio está estimado em R$ 250 milhões. O Estado pagará a desapropriação do terreno escolhido. "Será uma parceria público-privada", afirmou o secretário de Esporte de Pernambuco, Nelson Pereira.
A fórmula é repetida por outros governos. Em Mato Grosso, a idéia é botar abaixo o estádio Verdão, só ficando o gramado. "A princípio, o governo fará uma concessão. Mas existe a possibilidade de dinheiro público, caso não haja investidores", contou o secretário de Esporte do Estado, José Joaquim.
Há Estados, como Minas Gerais, que buscam dinheiro privado, mas podem gastar. O Mineirão deve sofrer a reforma mais cara: R$ 398 milhões.
"O projeto é obter parceria, com concessão e direito de uso, sem contrapartida do Estado. Minas Gerais não tem como arcar com os valores", diz o secretário de Esporte de MG, Gustavo Corrêa. "Mas nada impede que o governador decida investir determinados valores."
É o mesmo caso do Ceará, com a reforma do Castelão estimada em R$ 40 milhões.
Cinco cidades só falam em buscar investidores privados, casos de Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília. Mas ainda não sabem de onde virá o dinheiro.
Os paulistas admitem doar o terreno para uma nova arena, se o Morumbi for vetado.
Cartola são-paulino diz que, se não vier verba da Fifa, recorrerá a governantes, pois tem de honrar termo de compromisso. "Se nos procurarem, faremos engenharia financeira enviando verba privada ao Morumbi", diz Walter Feldman, secretário municipal de Esporte.

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