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Dinheiro público dita projetos da Copa
Entre as 18 candidatas a abrigar jogos do Mundial no Brasil, 11 cidades admitem verbas do Estado em praças esportivas
Planos exibidos a inspetores da Fifa no país contrariam discurso da CBF, que fizera promessa de que estádios só usariam recursos privados
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
No Brasil desde quinta-feira,
os inspetores da Fifa encontram-se com governantes dispostos a derramar dinheiro público em estádios para a Copa
de 2014. Os projetos vão na
contramão da posição de Ricardo Teixeira, que prometia só
recursos privados nas arenas.
Levantamento da Folha com
16 das 18 candidatas a receber
jogos do evento mostra que pelo menos 11 projetos prevêem
dinheiro dos Estados ou cogitam a possibilidade de usá-lo.
Entre as cidades que pretendem obter dinheiro com empresas, nenhuma tem acordo
fechado com interessados em
construir as praças esportivas.
As 11 cidades que fizeram um
levantamento dos gastos estimam que seus estádios custarão um total de R$ 2,2 bilhões.
Questionada pela Folha, a
CBF não se pronunciou -Teixeira não foi localizado.
Cartola da Fifa disse aos brasileiros que a entidade não dará
diretamente verba para os Estados usarem nas arenas. Fará
repasses ao comitê organizador, que decidirá o que fazer.
A Fifa deve enviar US$ 1 bilhão. O São Paulo é um dos que
contam com o dinheiro dela.
Na Copa da Alemanha, estádios foram bancados por clubes, firmas e órgãos públicos.
Desde sexta, os inspetores da
Fifa ouvem representantes das
18 candidatas. E visitarão cinco
delas: Rio de Janeiro, Brasília,
São Paulo, Porto Alegre e Belo
Horizonte, a partir de amanhã
-a entidade dirá em outubro
se o Brasil, candidato único ao
Mundial, é capaz de abrigá-lo.
A reforma de praças implica
dinheiro público porque a
maioria pertence aos Estados.
"A obra será totalmente financiada pelo governo do Estado", contou a secretária de Esporte do Pará, Maria Lúcia de
Penedo, sobre o Mangueirão.
MT, MS, BA, GO, PE, AC,
SC e RN pensam em dividir as
despesas com empresas.
Em Recife, o custo do novo
estádio está estimado em R$
250 milhões. O Estado pagará a
desapropriação do terreno escolhido. "Será uma parceria
público-privada", afirmou o secretário de Esporte de Pernambuco, Nelson Pereira.
A fórmula é repetida por outros governos. Em Mato Grosso, a idéia é botar abaixo o estádio Verdão, só ficando o gramado. "A princípio, o governo fará
uma concessão. Mas existe a
possibilidade de dinheiro público, caso não haja investidores", contou o secretário de Esporte do Estado, José Joaquim.
Há Estados, como Minas Gerais, que buscam dinheiro privado, mas podem gastar. O Mineirão deve sofrer a reforma
mais cara: R$ 398 milhões.
"O projeto é obter parceria,
com concessão e direito de uso,
sem contrapartida do Estado.
Minas Gerais não tem como arcar com os valores", diz o secretário de Esporte de MG, Gustavo Corrêa. "Mas nada impede
que o governador decida investir determinados valores."
É o mesmo caso do Ceará,
com a reforma do Castelão estimada em R$ 40 milhões.
Cinco cidades só falam em
buscar investidores privados,
casos de Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba, Porto Alegre e
Brasília. Mas ainda não sabem
de onde virá o dinheiro.
Os paulistas admitem doar o
terreno para uma nova arena,
se o Morumbi for vetado.
Cartola são-paulino diz que,
se não vier verba da Fifa, recorrerá a governantes, pois tem de
honrar termo de compromisso.
"Se nos procurarem, faremos
engenharia financeira enviando verba privada ao Morumbi",
diz Walter Feldman, secretário
municipal de Esporte.
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