São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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TÊNIS

Revés de dupla, ontem, sela derrota por 3 a 0 para Peru e faz país amargar fracasso inédito na Davis após boicote político

Brasil confirma desastre e cai à 3ª divisão

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O Brasil ratificou ontem na quadra o que havia sido desenhado nos bastidores. O país está na terceira divisão da Copa Davis pela primeira vez desde 1981, ano de criação do Grupo Mundial.
Ronaldo Carvalho e Gabriel Pitta não ofereceram resistência a Luis Horna e Ivan Miranda. O jogo de duplas terminou em foi 3 sets a 0 (6/2, 6/2 e 6/3), o mesmo placar final do confronto.
O Peru, que entrou em quadra com força máxima, safou-se do rebaixamento. Enquanto isso, o Brasil viu o, por enquanto, último ato da pior crise do tênis.
No zonal americano da Davis, há outras duas divisões abaixo da que o país irá disputar.
No ano passado, com Gustavo Kuerten, André Sá e Flávio Saretta, o país tropeçou no Canadá e caiu para a segunda divisão.
Em fevereiro deste ano, liderados por Guga, os tenistas do país iniciaram um boicote ao torneio. O motivo: pediam a saída do presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, acusado de irregularidades.
A partir daí, começou um entra e sai na equipe, dificuldades para encontrar atletas a fim de encarar o desafio e uma série de derrotas. Primeiro, para o Paraguai, depois para a Venezuela, e o país ficou à beira do abismo -na terceira divisão jogam países como Bahamas e República Dominicana.
Para tentar escapar, convocou a terceira equipe com o terceiro capitão diferente, Carlos Alberto Kirmayr. O mais bem ranqueado do time era Carvalho, 25 anos e 439º do mundo. Coube a ele e Pitta, 24 e 734º, tentar o salvamento.
"Precisávamos do ponto de qualquer jeito, eu entrei meio nervoso, mas a gente fez o que podia", afirmou Carvalho, que perdeu o jogo de simples para Miranda (215º). Pitta caiu diante de Horna (34º). Hoje, entram em quadra os tenistas que ainda não jogaram, para cumprir tabela.
"O Guga foi operado. Quando se recuperar, não só ele, mas outros seguramente vão se dispor à próxima gestão", espera Kirmayr.
Um dos candidatos à eleição já foi escolhido, José Farani. Apesar de ser da situação, Nelson Nastás diz que não o apoiará e que vai ficar neutro na sucessão.
O dirigente viu ontem o jogo que fez o país desabar. As duas quedas aconteceram em sua administração. Em 1996, sob sua gestão, o país voltou ao Grupo Mundial, a primeira divisão.
"Tudo foi feito com o intuito de desestabilizar uma administração. Estou com a mesma sensação que todos os brasileiros, queria que o país não caísse."
Após chegar à terceira divisão, Nastás encara novo problema. Amanhã irá se pronunciar sobre o relatório do TCU que sugere a suspensão do repasse da verba da Lei Piva à CBT. O dirigente, que não poupa críticas a Guga e cia., os desafia porém a voltar à Davis.
"Se eles tiverem palavra, eles voltam. Ouvi gente dizer que eles jogariam se qualquer "zé mané" assumisse a confederação. Então é obrigação deles estar lá março [mês limite para a eleição]."

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