São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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Fifa lava as mãos até da Libertadores

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa não irá se intrometer no escândalo de arbitragem do futebol brasileiro. Ela entende que as federações responsáveis pelas competições é quem devem tomar as medidas cabíveis. Nem a fraude em jogo da Libertadores, torneio internacional que aponta um representante no Mundial de Clubes, será revista pela entidade.
"Quando é competição brasileira, a responsabilidade é da federação brasileira [CBF]. Quando é torneio sul-americano, é da Conmebol. A Fifa não se envolve nisso", disse à Folha Markus Siegler, diretor de comunicação da Fifa.
Edilson Pereira de Carvalho apitou dois jogos na Libertadores e confessou ter manipulado o resultado de Banfield (ARG) 3x2 Alianza Lima (PER) -ajudou o time argentino na primeira fase.
Se essa partida fosse anulada, o Banfield ficaria com oito pontos em sua chave e poderia ser alcançado pelo time peruano na repetição do jogo -o Banfield avançou até as quartas-de-final, quando caiu diante do River Plate.
O porta-voz da entidade que rege o futebol mundial disse que o caso deve ter o mesmo rumo do escândalo recente no futebol alemão -foi aberto processo contra 25 pessoas por causa da manipulação de partidas na Alemanha, que teve por trás a máfia croata.
"Foi a federação alemã, e não a Fifa, que agiu nesse caso", afirmou Siegler. Como no episódio brasileiro, o árbitro-pivô do caso, Robert Hoyzer, acabou sendo preso -o escândalo alemão também passava por casa de apostas.
O Hamburgo, prejudicado em jogo da Copa da Alemanha, recebeu compensação financeira como vítima do caso -2 milhões.
O tribunal da federação alemã analisou todos os jogos sob suspeita e validou alguns deles, como Kaiserlautern 3x0 Freiburg e Schalke 04 2x2 Hansa Rostock.
Após o caso na Alemanha, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse à revista "Kicker" que o ideal, para evitar esse tipo de escândalo, seria pagar aos árbitros altos salários. "Seria uma solução. Digo isso há dez anos", afirmou o suíço, que sugeriu 100 mil por ano (uns R$ 272 mil) aos juízes.
A Folha não conseguiu localizar a cúpula da Conmebol no Peru até o fechamento desta edição.

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