|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nelsinho assume por "grana" e "publicidade"
Em conversa escutada pela Folha, novo treinador do Corinthians discute pedir mais dinheiro se salvar clube da queda à Segundona
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nelsinho Baptista não queria
ficar em casa. E a saída foi o Corinthians. Ao aceitar a proposta
para dirigir o clube do Parque
São Jorge, pensou no dinheiro
e nos holofotes que isso pode
trazer para sua carreira.
Em conversa escutada pela
Folha, logo após a reunião de
anteontem com o vice de futebol, Antoine Gebran, Nelsinho
falou com um interlocutor sobre seu retorno ao clube alvinegro. O repórter telefonou para o
treinador, que atendeu a ligação. Não respondeu, mas deixou o celular ligado enquanto
conversava com outra pessoa.
O telefonema foi feito às
22h55 e durou 15min32s.
No diálogo, Nelsinho diz ter
feito bom negócio ao voltar para o Corinthians. "Saio de casa,
ganho uma grana e faço minha
publicidade", disse ele, que foi
demitido da Ponte Preta na semana passada. O interlocutor
completa afirmando que, se
não der certo, no final do ano o
mercado se abre e há "o Goiás".
A Gebran Nelsinho pediu R$
140 mil mensais, além de multa
de três salários em caso de demissão. O cartola corintiano foi
ao encontro orientado a oferecer R$ 80 mil, sem multa. Acabaram fechando o negócio por
R$ 120 mil, com garantia de pagamento até o final do ano. Isso
porque Nelsinho pode ser demitido pelo novo presidente do
clube, que será eleito em 9 de
outubro próximo.
Na conversa de anteontem, o
interlocutor diz ao treinador
que é preciso colocar a garantia
de pagamento "no papel" porque "de boca não vale nada". O
contrato seria assinado hoje.
Ambos argumentavam que
Gebran estava em campanha
(para presidente) e que, por esse motivo, poderiam até ter insistido na contratação de Evair,
que foi auxiliar de Nelsinho na
Ponte. Na análise do interlocutor, o ex-palmeirense poderia
ter sido contratado. Nelsinho
trará o preparador físico
Eduardo, seu filho, e o auxiliar
Gustavo Salles Bueno.
O interlocutor também falou
ao treinador que, se Nelsinho
conseguir salvar o time do rebaixamento no Nacional, deve
pedir mais dinheiro ao clube.
Na entrevista coletiva dada
ontem em sua apresentação como novo técnico corintiano, o
discurso foi diferente.
O treinador, que comandará
o clube pela quarta vez, não
usou o termo rebaixamento.
"Não vim aqui para isso [tirar
o time da zona de rebaixamento], mas para levar o Corinthians à Sul-Americana", afirmou Nelsinho, que já comandou seu primeiro treino ontem.
Segundo ele, o Corinthians,
que disputará 33 pontos ainda,
tem de ganhar 65% deles, ou seja, sete vitórias em 11 jogos.
Missão difícil para uma equipe que ganhou só oito vezes em
27 partidas no Brasileiro. "É o
sprint final da Série A. São 11
rodadas, e você não pode bobear. Tirando o São Paulo e o
Cruzeiro, as demais equipes
são regulares, e temos todas as
condições de fazer isso."
O técnico afirmou ainda que
deve usar o esquema com três
zagueiros. "Às vezes você tem
um time limitado que, organizado taticamente, rende bem",
disse. "Agora o Corinthians não
pode fazer experiência nem
teste", concluiu.
Texto Anterior: Parceria não tinha controle sobre verba Próximo Texto: Sem mágoa: Técnico diz que briga com Gustavo Nery ficou no passado Índice
|