São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nelsinho assume por "grana" e "publicidade"

Em conversa escutada pela Folha, novo treinador do Corinthians discute pedir mais dinheiro se salvar clube da queda à Segundona

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nelsinho Baptista não queria ficar em casa. E a saída foi o Corinthians. Ao aceitar a proposta para dirigir o clube do Parque São Jorge, pensou no dinheiro e nos holofotes que isso pode trazer para sua carreira.
Em conversa escutada pela Folha, logo após a reunião de anteontem com o vice de futebol, Antoine Gebran, Nelsinho falou com um interlocutor sobre seu retorno ao clube alvinegro. O repórter telefonou para o treinador, que atendeu a ligação. Não respondeu, mas deixou o celular ligado enquanto conversava com outra pessoa.
O telefonema foi feito às 22h55 e durou 15min32s.
No diálogo, Nelsinho diz ter feito bom negócio ao voltar para o Corinthians. "Saio de casa, ganho uma grana e faço minha publicidade", disse ele, que foi demitido da Ponte Preta na semana passada. O interlocutor completa afirmando que, se não der certo, no final do ano o mercado se abre e há "o Goiás".
A Gebran Nelsinho pediu R$ 140 mil mensais, além de multa de três salários em caso de demissão. O cartola corintiano foi ao encontro orientado a oferecer R$ 80 mil, sem multa. Acabaram fechando o negócio por R$ 120 mil, com garantia de pagamento até o final do ano. Isso porque Nelsinho pode ser demitido pelo novo presidente do clube, que será eleito em 9 de outubro próximo.
Na conversa de anteontem, o interlocutor diz ao treinador que é preciso colocar a garantia de pagamento "no papel" porque "de boca não vale nada". O contrato seria assinado hoje.
Ambos argumentavam que Gebran estava em campanha (para presidente) e que, por esse motivo, poderiam até ter insistido na contratação de Evair, que foi auxiliar de Nelsinho na Ponte. Na análise do interlocutor, o ex-palmeirense poderia ter sido contratado. Nelsinho trará o preparador físico Eduardo, seu filho, e o auxiliar Gustavo Salles Bueno.
O interlocutor também falou ao treinador que, se Nelsinho conseguir salvar o time do rebaixamento no Nacional, deve pedir mais dinheiro ao clube.
Na entrevista coletiva dada ontem em sua apresentação como novo técnico corintiano, o discurso foi diferente.
O treinador, que comandará o clube pela quarta vez, não usou o termo rebaixamento.
"Não vim aqui para isso [tirar o time da zona de rebaixamento], mas para levar o Corinthians à Sul-Americana", afirmou Nelsinho, que já comandou seu primeiro treino ontem.
Segundo ele, o Corinthians, que disputará 33 pontos ainda, tem de ganhar 65% deles, ou seja, sete vitórias em 11 jogos.
Missão difícil para uma equipe que ganhou só oito vezes em 27 partidas no Brasileiro. "É o sprint final da Série A. São 11 rodadas, e você não pode bobear. Tirando o São Paulo e o Cruzeiro, as demais equipes são regulares, e temos todas as condições de fazer isso."
O técnico afirmou ainda que deve usar o esquema com três zagueiros. "Às vezes você tem um time limitado que, organizado taticamente, rende bem", disse. "Agora o Corinthians não pode fazer experiência nem teste", concluiu.


Texto Anterior: Parceria não tinha controle sobre verba
Próximo Texto: Sem mágoa: Técnico diz que briga com Gustavo Nery ficou no passado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.