Treinador tenta quebrar sua série de 4 mata-matas perdidos para os argentinos

Jogadores treinam pênaltis no último treino antes da partida de hoje, que decide passagem às quartas-de-final da Copa Sul-Americana

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"A [Copa] Sul-Americana está no calendário, nós temos que jogar. Mas é claro que esse jogo ficou mais importante porque é contra o Boca [Juniors]", afirma o técnico Muricy Ramalho, do São Paulo, que nunca escondeu que não considera o torneio grande coisa.
Mas, para ele em especial, o time argentino já está entalado na garganta há três anos. Caso não se classifique, será o quinto infortúnio seguido da carreira do treinador contra o time azul e ouro de Buenos Aires.
A última lembrança são-paulina contra o Boca foi a perda da Recopa Sul-Americana, no ano passado (2 a 1 na Bombonera e 2 a 2 no Morumbi).
Mas o hexacampeão da Taça Libertadores da América é carrasco de Muricy desde essa competição de 2004, quando o São Caetano, então comandado pelo técnico, teve dois empates (0 a 0 e 1 a 1) e caiu nos pênaltis.
"Nós demos um baita azar, porque jogamos bem demais aquele jogo", diz ele, referindo-se à partida em casa.
Depois, o técnico enfrentou o Boca duas vezes, com o Internacional. Na Copa Sul-Americana de 2004, 0 a 0 e derrota por 4 a 2. Na mesma competição, em 2005, conseguiu sua primeira vitória, por 1 a 0, mas perdeu por 4 a 1 a outra partida.
O técnico não usa a palavra vingança; acha que o conceito no futebol é "bobagem". "Mas é claro que queremos ganhar do Boca, é um clássico sul-americano, entre dois times campeões mundiais. Dá moral."
Para evitar a quinta derrota em mata-matas para o clube da Bombonera, Muricy fez a equipe treinar cobranças de pênaltis -caso o placar seja de 2 a 1 para os são-paulinos, haverá decisão dessa maneira. Para não depender das penalidades, o time precisa ganhar por 1 a 0 ou por dois gols de vantagem.
O técnico ainda ganhou boas notícias. Após fazer vários movimentos com a bola, o ala Souza confirmou no treino de ontem que está apto a atuar.
"É bom poder contar com ele, senão teria que mexer no esquema todo", comemora Muricy. Com o ala à disposição e Breno retornando à zaga, o técnico pode pôr em campo no Morumbi sua formação ideal.
No ataque,o treinador evitou confirmar a escalação, mas deve entrar com Dagoberto e Aloísio, o que justificaria o fato de ter poupado o último no jogo de sábado contra o Figueirense.
Indagado sobre a opção que faria entre Aloísio e Borges (artilheiro são-paulino na temporada, com 12 gols), Muricy se negou a responder. "É problema meu, e eu não tenho que dizer para vocês [repórteres]. Que eu já defini, já defini."
No time argentino, o grande desfalque é o atacante Palacio, autor dos dois gols que o São Paulo sofreu no Morumbi na Recopa-2006. O técnico Miguel Ángel Russo confirmou a entrada de Boselli, já que o titular se feriu no joelho ao chocar-se com uma placa de publicidade no 2 a 2 com o Gimnasia de Jujuy, pelo Argentino, no domingo. Levou sete pontos e ficará fora de sete a dez dias.
Muricy assistiu ao jogo e notou o cansaço rival. "Não dava para eles correrem como fizeram contra a gente e jogarem no mesmo pique contra o Gimnasia. Foi duro para eles."