São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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muda tudo

Na Ásia, F-1 aprende a correr à noite

Cingapura abriga série de inovações para o 1º GP noturno da categoria e vê treinos livres ganharem importância vital

Sistema inédito vai iluminar circuito e bandeiras digitais substituirão as tradicionais; ansiosos, pilotos testam viseira e luzes do volante


Frank May/Efe
Movimentação no circuito de Cingapura é refletida em capacete mecânico da McLaren

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA

Toneladas de alumínio, quilômetros de fios, investimento de R$ 195 milhões e um ano de planejamento. Tudo isso para que hoje, enfim, os carros da F-1 tomem as ruas de Cingapura iluminados por holofotes.
Para viabilizar a realização da primeira corrida noturna da categoria, que será no domingo, às 9h (de Brasília), uma série de inovações foi introduzida.
Desde a não-adaptação dos pilotos ao horário local e novidades nos pneus e capacetes até um sistema inédito de iluminação. Tantas inovações acabaram transformando os treinos livres, geralmente não muito badalados, em vitais para testar toda a parafernália. A primeira sessão livre começa às 19h locais, 8h em Brasília.
"Lógico que estamos todos ansiosos para entrar logo na pista e ver como é correr de F-1 à noite", afirmou Felipe Massa.
Mas, para que os pilotos possam saciar a curiosidade hoje, há quase dois anos os organizadores do GP de Cingapura e Bernie Ecclestone, o homem forte da F-1, saíram em busca de soluções para conseguir colocar a idéia em prática.
"Recebi uma ligação de Ecclestone no fim de 2006", disse à Folha Valerio Maioli, dono da empresa que leva seu nome, a responsável pela iluminação do circuito asiático e de monumentos na Itália. "Ele queria saber se era possível fazer uma corrida à noite. Fiquei surpreso e pedi tempo para estudar."
Depois de alguns meses de planejamento, a equipe de Maioli desenvolveu um sistema inédito para iluminar os pouco mais de 5 km de extensão do traçado. Para minimizar as sombras, algo que poderia atrapalhar os pilotos, foram instaladas estruturas com holofotes paralelas à pista, na maior parte apenas de um lado.
"Uma das maiores dificuldades foi com as árvores que rodeiam o circuito", explicou Maioli. "As estruturas tiveram que ser colocadas abaixo dos galhos para evitar problemas."
Outro motivo de preocupação foi com a possibilidade de um blecaute. Para isso, foram instalados 12 geradores gêmeos, que terão apenas 25% de sua capacidade usada para minimizar eventuais falhas.
Outra novidade introduzida pela empresa de Maioli, que será adotada pela primeira vez na categoria, são as "digiflags", que substituem as bandeiras tradicionais, mostradas durante treinos e corridas por fiscais.
Os painéis, de 88 cm por 1,24 m, serão acionados eletronicamente pelos próprios fiscais. Possíveis entradas do safety car durante a corrida também serão sinalizadas pelo sistema.
Mas as inovações não se restringem ao circuito. A Bridgestone, por exemplo, usará uma tinta quase fosforescente em seus pneus para diferenciar os dois tipos de compostos.
Alguns pilotos também terão à disposição dois tipos de viseiras em seus capacetes. Uma totalmente transparente e outra um pouco mais escura, para poder escolher a que melhor se adaptar às condições.
Mas não é só. "Pedi que reduzissem a intensidade das luzes do meu volante em 50%", afirmou o bicampeão Fernando Alonso. Segundo o piloto da Renault, com a claridade proporcionada pela iluminação artificial, seria bem difícil conseguir enxergar as luzes.
O maior temor, no entanto, é que, com a possibilidade de chuva amanhã e domingo, a visibilidade fique reduzida e as poças d'água acabem se tornando espelhos dos holofotes.
"Acho que o fato de a corrida ser à noite é muito mais marketing do que uma diferença de verdade para nós", afirmou David Coulthard, da Red Bull.

NA TV - Treinos livres
Sportv, ao vivo, às 8h e às 10h30



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