São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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'Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

Cachimbo da paz


O Palmeiras só terá um 2011 mais feliz se a eleição de janeiro acabar com a guerra política no clube

HÁ ALGUMAS semanas, o ex-vice-presidente do Palmeiras Seraphim del Grande telefonou para o ex-presidente Mustafá Contursi. Disse que a situação política do Palmeiras exige que as principais lideranças do clube se conciliem antes das eleições de janeiro, que hoje têm sete possíveis candidatos: Salvador Hugo Palaia, Seraphim del Grande, Paulo Nobre ou Clemente Pereira pela situação; Roberto Frizzo ou Arnaldo Tirone pela oposição; Antônio Augusto Pompeu de Toledo, que não se diz candidato, alternativa conciliatória.
Para se ter ideia do que representa o telefonema, lembre que Seraphim era vice-presidente de Mustafá Contursi em seus dois primeiros mandatos. Como Mustafá não tinha direito ao terceiro mandato, o acordo pré-eleitoral previa a indicação de Seraphim para a sucessão, em 1997. Mustafá mudou o estatuto e ficou na presidência mais oito anos. Provocou o rompimento.
Seraphim não quer dar as mãos a Mustafá. Quer que o clube se dê as mãos. "Se não houver pacificação, não sei se o Palmeiras sai dessa crise", desconfia. Sobre o cachimbo da paz, Mustafá respondeu que é muito cedo, a quatro meses da eleição.
Apesar do conforto da renegociação da dívida bancária de R$ 53 milhões, há o desconforto da folha de pagamento de R$ 6 milhões. O Santos, campeão da Copa do Brasil, paga R$ 3 milhões mensais. A folha do Inter, campeão da Libertadores, é de R$ 4 milhões. Quando Muricy era o técnico, dizia jamais ter visto um clube pagar salários tão altos como o Palmeiras.
São 76 jogadores contratados desde 2007, com apenas um título e nenhuma venda que devolva dinheiro ao cofre. Por Diego Souza, o Palmeiras pagou pelos salários mais do que recebeu pela venda ao Atlético-MG, por causa do acordo com a Traffic. Tudo justifica a oposição.
Mas há uma coisa que mata mais o Palmeiras do que a má administração: o próprio Palmeiras. Há quem diga que Felipão já mudou coisas no departamento de futebol que ajudarão o clube a ter um 2011 mais feliz. Só se a eleição de janeiro acabar com a guerra e trouxer a boa administração.
Em 1977, o presidente Jordão Bruno Sacomani foi deposto, acusado de desfalcar os cofres do clube para saldar dívidas de suas empresas. O presidente interino, Brício Pompeu de Toledo, chamou os inimigos Paschoal Giuliano e Delfico Facchina para um encontro e selou a paz política, com Facchina presidente. Selar a paz hoje pode ser mais difícil do que naquela época.

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