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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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POLÍTICA

Viagem de Queiroz e Paula ao Pan custará R$ 22 mil aos cofres públicos

Cortesia do COB gera ônus extra de R$ 4 mil à União

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Ao contrário do que enfatizou Agnelo Queiroz em nota à imprensa, o gesto de "educação" utilizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para justificar o pagamento da hospedagem do ministro do Esporte e da então secretária Paula durante o Pan-Americano de Santo Domingo gerará um ônus extra de R$ 4.282,34 à União.
O valor é resultado da soma entre as diárias adiantadas pelo governo a Queiroz e Paula com o dinheiro que será ressarcido ao COB, descontada a quantia que será restituída ao Tesouro Nacional pelos dois políticos.
Se o comitê não tivesse bancado as hospedagens dos representantes da pasta, o ministério teria gasto com Queiroz e Paula um total de R$ 18.063,41 -o ministro recebeu R$ 11.112,00, e a ex-secretária de Alto Rendimento, R$ 6.951,41, para cobrir custos com hotel, alimentação e transporte na República Dominicana. Os dados foram obtidos no Siafi, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal.
A conta, nesta semana, ficou mais salgada para a pasta com o menor orçamento da Esplanada dos Ministérios. O total da viagem dos dois políticos, agora, será de R$ 22.345,73 porque:
1) o COB receberá restituição de R$ 13.194,02 - R$ 5.614,21 pela estadia de Paula, e R$ 7.579,81 pela hospedagem do ministro;
2) a verba das diárias cairá para R$ 9.151,71 com a devolução de 50% da quantia adiantada. Queiroz depositou na quinta na conta única do Tesouro Nacional um cheque de R$ 5.436,00, e Paula, no acerto de contas de sua exoneração da pasta, terá descontada a quantia de R$ 3.475,70.
Somados, os dois itens superam em R$ 4.282,34 o valor original.
Na última quarta-feira, 65 dias depois do fim do Pan-Americano, Queiroz admitiu que sua hospedagem na República Dominicana foi paga pela entidade de Carlos Arthur Nuzman. Alegou que só ficou sabendo do fato após "alerta" de Paula e determinou investigação interna sobre o assunto.
Anunciou ainda que ele e Paula reembolsariam a União em 50% das diárias, de acordo com um decreto federal de 2000, e que o comitê receberia de volta tudo o que gastou no hotel Jaragua.
Se, para o ministério, a viagem saiu mais cara que o previsto, serviu para que o COB conseguisse sua primeira liberação de verba na gestão Queiroz.
Como mostrou a Folha ontem, o Ministério do Esporte firmou um convênio de R$ 815.237,20 com o comitê durante a disputa dos Jogos de Santo Domingo. A liberação da verba, que viabilizou a viagem de atletas à Universíade, na Coréia do Sul, ocorreu em 18 de agosto, apenas um dia após o encerramento do Pan.
O valor do gasto extra gerado ao Ministério do Esporte pela cortesia do COB é quase o mesmo do que envolveu a polêmica viagem da ministra Benedita da Silva (Assistência Social) a Buenos Aires.
Na ocasião, a ministra foi à capital argentina para um encontro evangélico, com passagem aérea bancada pela União. Após ser aconselhada pelo presidente nacional do PT, José Genoino, e pelo controlador-geral da União, Waldir Pires, Benedita devolveu R$ 4.676 aos cofres públicos.
Os recentes casos envolvendo Benedita e Queiroz fizeram o Palácio do Planalto agir. Depois de conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro José Dirceu (Casa Civil) ordenou aos secretários-executivos das pastas um maior critério nos gastos com transporte aéreo, tamanho de comitivas, diárias de hotel e motivos de viagem.


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