KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles foram de mãos dadas para as profundezas do inferno, e, de lá, saíram abraçados. Mas hoje, às 20h30, no Parque Antarctica, serão apenas inimigos íntimos. Seis meses após voltarem à elite do Brasileiro, depois de suarem na Série B, Palmeiras e Botafogo se reencontram pela segunda vez no ano por "paraísos" distintos.
O Palmeiras tenta a guinada rumo ao céu: bateu o líder Atlético-PR por 3 a 1, na capital paulista, na rodada passada, e, além de manter a perseguição a uma vaga na Libertadores-05, agora é um dos seis únicos concorrentes diretos ao título do segundo Nacional por pontos corridos da história.
"Estamos em sexto, mas há um empate técnico nas primeiras colocações e há chance de brigarmos pela vaga na Libertadores e pelo título", afirmou Estevam.
O Botafogo luta para deixar o purgatório: no sábado, cedeu nos acréscimos o 1 a 1 ao Vitória, em Juiz de Fora (MG), e voltou à zona de descenso.
"O time não pode se desesperar porque tivemos esse tropeço, vamos continuar brigando para escapar do rebaixamento", disse o técnico Paulo Bonamigo.
Por conta das campanhas antagônicas, o déjà vu da Série B não será um jogo de "compadres", como visto em 2003, quando o Palmeiras e o Botafogo empataram em dois dos três confrontos -a cordialidade mútua só foi deixada de lado na decisão do campeão da segunda divisão, quando o time paulista venceu por 4 a 1, no Parque Antarctica, com os dois times já com vaga garantida na elite.
O contraste segue desde o primeiro encontro entre as equipes no primeiro turno, quando empataram por 1 a 1 -os palmeirenses eram vice-líderes, e os botafoguenses, vice-lanternas.
A tensão dita o discurso dos atletas. "Começa um novo campeonato, e estamos vivos. Esse jogo vai definir o que queremos", disse Magrão, último palmeirense expulso no Nacional (23ª rodada).
O Palmeiras leva vantagem por atuar em casa, onde conquistou 32 dos seus 62 pontos (aproveitamento de 59,3%, com 9 vitórias, 5 empates e 4 derrotas, segundo dados do Datafolha). E, além disso, pretende se aproveitar do fato de fazer mais quatro jogos nos seus domínios e ter rivais mais fáceis que seus concorrentes (Juventude, São Caetano, São Paulo e Atlético-PR) na luta pelo título.
Após o Botafogo, pega seis clubes que neste momento estão de fora das dez primeiras colocações -dois destes na zona de rebaixamento: Grêmio e Guarani.
"Quem quer algo na competição tem de vencer em casa. Por isso, vamos para cima do Botafogo", disse o lateral Lúcio.