São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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Fora de Jogos, seleções "somem" do Pan

Ausentes da Olimpíada, atletas de beisebol e softbol lamentam não receber auxílio para tentar vaga em Guadalajara-11

Após ficar a uma posição de se classificar, softbol indaga como, para as autoridades, status de torneio pôde ter encolhido tanto e tão rápido

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem o status de esporte olímpico, mas dentro do programa de competições como os Jogos Pan-Americanos, beisebol e softbol padecem em limbo financeiro e engrossam a lista de modalidades que pedem uma política nacional de esportes.
Por estar fora do programa de Londres-12, a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol perdeu o direito de receber seu quinhão da verba da Lei Piva.
Segundo o presidente da entidade, Jorge Otsuka, ele bateu às portas do Comitê Olímpico Brasileiro e do Ministério do Esporte, ouviu promessas, mas o dinheiro acabou não saindo.
""É um tremendo transtorno. Os atletas ficam apreensivos, sem saber se vão ou não, e a rotina de treinos também tem de ser adaptada. Deveria haver um planejamento que contemplasse isso", argumenta o dirigente.
Atletas de ambas modalidades questionam o fato de o Pan ter sido apresentado como uma competição relevante quando foi organizado no Rio, em 2007, e agora ""ter sido esquecido".
""Quando foi no Rio, [o Pan] era importante. Agora, dois anos depois, não há esforço para classificar a seleção para Guadalajara [sede do Pan-11]", reclama Nilze Higa, 23, melhor arremessadora do Pan-2007.
""Não é porque softbol e beisebol deixaram de ser olímpicos que é certo deixarmos de representar o Brasil", lamenta a jogadora, que pleiteia vaga em liga semiprofissional do Japão.
Na seletiva disputada na Venezuela em meados deste ano, o softbol brasileiro morreu na praia: a seleção ficou em nono, entre os 22 times na competição. Só as oito primeiras garantiram a vaga em Guadalajara.
As despesas de viagem ficaram em cerca de R$ 1.800 para cada atleta, o que, segundo, segundo as jogadoras, acabou fazendo diferença no resultado.
""Foi uma decisão difícil. Trabalho ou concentração? No fim, ninguém quis faltar ao trabalho para se concentrar. Afinal, iríamos arcar com as despesas de viagem do nosso bolso. Só que isso teve um reflexo negativo em campo", argumentou Maria Tanaka, 22, jardineira central da seleção brasileira.
""Deu para todas treinarem bem, mesmo, só aos finais de semana, mesmo próximo à viagem. Como desta vez havia mais países e jogos diários, estávamos desacostumadas."
""Treinos diários aumentariam o custo. Então não deu para aumentar o número de treinamentos", concorda Nilze.
O beisebol corre o risco de passar pelo mesmo drama -sua seletiva será em 2010.
O local não foi definido, mas os custos deverão ser maiores, pois o principal candidato a recepcionar a classificatória é o palco do Pan-11, Guadalajara.
""O beisebol não é muito forte na mídia, ele fica em segundo plano. Assim como o beisebol e o softbol, outras modalidades vivem a mesma situação", filosofa Ricardo Shimanoe, 29, receptor da seleção de beisebol.
""Se o beisebol e o softbol estão fora de Londres, em 2012, o Pan acaba sendo nossa olimpíada", complementa o atleta.


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