São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011 |
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TOSTÃO As coisas vão e voltam
AS CONTRATAÇÕES de Leão, que ninguém mais queria, pelo São Paulo, e de Dimas Filgueiras, pelo Ceará, mostram o desespero dos dois clubes. Isso reflete também a supervalorização dos técnicos. Muitos dirigentes, torcedores e jornalistas acham que os treinadores são os principais responsáveis pelas derrotas e vitórias. Dizer que os jogadores do São Paulo têm feito corpo mole, para justificar a contratação de Leão, é uma ofensa aos atletas. O elenco do São Paulo é igual aos outros. Pode ganhar ou perder com Leão ou com outro técnico. Mudo de assunto. Hoje, a principal diferença entre as principais equipes da Europa e do Brasil é que os europeus, cada vez mais, gostam de ficar com a bola. Os brasileiros gostam cada vez menos. Em vez de passar para o jogador marcado ou jogar a bola na área, para se livrar dela ou para contar com a sorte de ela cair na cabeça de um companheiro, os europeus preferem tocar para o lado e esperar o momento certo para tentar uma jogada decisiva. Quando critico o excesso de jogadas aéreas no futebol brasileiro, não me refiro às bolas paradas. Essas são importantes. O Brasil é muito bom nisso. Há muitos especialistas em bater faltas fortes e com curva para a área. Os torcedores vibram quando tem uma falta a favor de seu time. Por outro lado, surgiram também muitos especialistas em cavar faltas, enganar os árbitros, os cai-cai, trambiqueiros do jogo. Para se trocar muitos passes, é preciso ter bons jogadores e muita movimentação dos que vão receber a bola. O Barcelona é mestre nisso. Em vez de ter dois volantes, um ao lado do outro, e um meia de ligação, que não participa da marcação, o time possui um volante e dois armadores, que marcam como volantes e armam e avançam como meias. Com isso, há mais jogadores para trocar passes, para marcar e para atacar. As coisas vão e voltam. As jogadas aéreas, o antigo chuveirinho dos ingleses, que desapareceram das principais equipes, agora, são modernas no Brasil. As pessoas se acostumam com as mudanças e não percebem aonde podem chegar. Temo que, em um futuro próximo ou que já chegou, nas conversas sobre futebol por mensagens via celular, sem um ver nem escutar o outro, vão dizer: "O Brasil era o país do futebol. Encantava e vencia. O mundo queria ver os melhores jogadores do planeta. Era um grande espetáculo". Ainda bem que o futebol brasileiro tem Neymar, uma exceção. Texto Anterior: Santos: Neymar é indicado ao prêmio de melhor do mundo, dizem jornais Próximo Texto: Espanhol: Trintões driblam a falência e vão ao topo Índice | Comunicar Erros |
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