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Mortos e feridos dividem espaço
Trânsito pesado dificulta a remoção de corpos e transporte de feridos para hospitais de Salvador
Além do buraco que se
abriu na arquibancada, tumulto após a invasão
do gramado fez o número de vítimas aumentar
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
MANUELA MARTINEZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O clima na área externa do
estádio Fonte Nova era de gritos, choros, correria e comoção.
Antes da chegada dos peritos e
das transferências das vítimas
para o Instituto Médico Legal e
hospitais, os feridos e mortos
ficaram juntos, em uma área
externa do estádio, cobertos
apenas por jornais. Havia muito sangue no local.
Somente com a chegada da
PM, o setor foi totalmente isolado. Com as principais ruas e
avenidas do centro de Salvador
completamente engarrafadas
-os torcedores do Bahia faziam festa para comemorar a
classificação-, os médicos tiveram dificuldades para levar as
vítimas para os hospitais.
Cerca de 500 pessoas acompanharam o trabalho de identificação e remoção dos corpos.
Muitos brigaram para ingressar na área restrita, sob a alegação de que queriam saber informações de parentes.
"Nunca pensei que em um
dos momentos mais felizes de
minha vida [a classificação do
Bahia para a Série B] pudesse
presenciar uma cena tão chocante. Havia pessoas ensangüentadas, falando coisas desconexas, gritando muito e chorando. Os corpos estavam estendidos, em meio a poças de
sangue", afirmou o representante comercial Jorge Santana.
Segundo a PM, parte dos feridos se machucou nas comemorações e na invasão do gramado, e não só no desabamento.
Com 5.000 torcedores invadindo o gramado e outros milhares cantando e dançando
nas arquibancadas, poucas pessoas viram o momento da queda de parte do anel superior.
"As pessoas estavam em transe,
correndo de um lado para outro, quebrando tudo. Achei que
fosse morrer pisoteado", afirmou o estudante Carlos Apolinário Mendes.
"Eu estava ao lado da arquibancada que caiu. Tentei ajudar uma menina que estava ao
meu lado, mas não consegui.
Foi tudo muito rápido", disse o
comerciante Adilson Freitas.
À noite, o secretário estadual
da Saúde, Jorge Solla, disse que
reforçou as equipes médicas de
três unidades de referência de
Salvador para emergências.
Com a grande quantidade de
feridos, muitos torcedores tiveram que ajudar no transporte
das vítimas. "Carreguei uma
pessoa que estava sangrando
na cabeça devido a uma pedrada. Foi uma loucura. As pessoas
estavam enlouquecidas", disse
o professor Carlos Ribeiro, 39.
Nos hospitais também houve
tumultos e a PM foi acionada
para impedir a entrada de torcedores. Sem saber da identificação dos mortos e feridos,
centenas de torcedores foram
aos hospitais pedir informações sobre as vítimas.
Quatro horas após o encerramento da partida, ainda havia
torcedores fora da Fonte Nova.
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