São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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Tiro com arco obtém maior feito da história

Roberval Santos é bronze em final da Copa do Mundo

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou como passatempo, se transformou em esporte e anteontem culminou no melhor resultado da história do tiro com arco nacional.
Roberval dos Santos, 37, conquistou o bronze na final da Copa do Mundo da modalidade, em Dubai, nos Emirados Árabes. Jamais um atleta do país tinha chegado tão longe. A competição reúne os quatro melhores da temporada em cada categoria. A de Roberval é a composta (formato de uma besta), não-olímpica, em que um gatilho preso ao arco auxilia no tiro do competidor, dado a uma distância de 70 metros.
Na Olimpíada, é disputada apenas o recurvo, sem gatilho, com duas lâminas presas ao arco -em teoria, exige mais precisão do próprio arqueiro.
"Comecei como curioso. Certa vez comprei um arco e ficava atirando em casa", contou o brasileiro, por e-mail, de Dubai.
Ali surgiria o esporte para Roberval. Depois, ele passou a freqüentar um bar em Osasco, na Grande SP, em que podia "brincar". Acabou conhecendo um dirigente da federação paulista, que o incentivou a participar de campeonatos.
No ano passado, Roberval deixou de disputar a final da Copa do Mundo por 1 ponto. Ainda em 2006, venceu a etapa da Turquia da competição.
Nesta temporada, antes de Dubai, havia ficado em terceiro na Itália. Ele chegou à final do torneio como o quarto e último classificado. Nas semifinais, no sábado, parou diante do salvadorenho Jorge Jimenez, que acabou campeão da Copa. Pelo bronze, Roberval superou o francês Sebastien Brasseur.
"Sinto como uma conquista de todo nosso esporte. O Brasil não era conhecido como uma potência no arco e flecha até o ano passado", falou o arqueiro.
"Depois da minha vitória em Antalya [na etapa turca da Copa], a medalha de bronze do Victor Sidi Neto e nosso segundo lugar por equipes na etapa de El Salvador, o Brasil começou a ser visto com mais respeito. Ou seja, meu resultado neste ano só vem reforçar a imagem de uma país que está em ascensão no cenário do arco e flecha mundial", disse.
A boa fase da modalidade no país também resultou na conquista da vaga olímpica, no recurvo. O Brasil estará de volta aos Jogos, em Pequim-2008. A última participação tinha sido em Barcelona-1992. Ainda não está definido o representante nacional na capital chinesa.
Mas não será Roberval, que admitiu a frustração por não poder ir à Olimpíada.
"Fico frustrado em não poder atirar na Olimpíada. O arco composto é tão competitivo quanto o recurvo e podemos garantir disputas de muito alto nível. É apenas uma questão de o COI [Comitê Olímpico Internacional] entender que, mesmo com toda a mecânica utilizada no arco composto, é um arco difícil de atirar."
Ele disse que poderá migrar para o recurvo no futuro. "Pretendo mudar para o recurvo, ainda que meu rendimento possa não ser o mesmo, pois já tenho 37 anos, mas é um tipo de arco de que gosto muito."
Roberval treina com o técnico cubano Disney Machado. São pelo menos cinco dias por semana, com 150 tiros diários, o que consome quatro horas de prática em média a cada sessão.

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