|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Romário volta a campo e aos braços da torcida para celebrar o América do pai
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Eram jogados 23min do segundo tempo. A partida valia
não mais que o título da segunda divisão do Estadual do
Rio. E já estava quase definido, América 2 x 0 Artsul,
quando Romário pisou no
gramado, mais uma vez, como jogador de futebol.
Com uma torcedora-símbolo a tiracolo e trajando a 11,
o atacante substituiu Adriano, realizando o sonho do pai,
Edevair, morto há 18 meses.
Aos 43 anos, Romário ofuscou o então nome da partida
no estádio Giulite Coutinho,
o zagueiro Ciro, autor dos
dois gols do jogo, e, apesar de
não balançar as redes, foi o
mais festejado na comemoração do título do América.
"Para quem vestiu camisas
de grandes clubes e até a
maior delas, a da seleção,
atuar pelo América é uma
emoção diferente. E a realização do sonho do meu pai", declarou o atacante.
A volta do tetracampeão
mundial ao contato com a bola, porém, foi prejudicada pelas fortes chuvas que castigaram Mesquita (Baixada Fluminense), no início da noite,
inundando as esburacadas
ruas ao redor do estádio.
Dentro do Giulite Coutinho, arquibancadas vazias e o
pequeno -porém animadíssimo- público concentrado
em um dos quatro setores.
Em campo, em vez de craques
da seleção, nomes desconhecidos como Naílton e Claudemir. Ao redor, dezenas de repórteres de olho em Romário.
O atacante começou no
banco, mas, quando fez menção de se aquecer, no início do
segundo tempo, provocou
imediata reação do público.
"Olê lê, olá lá, o Romário vem
aí, e o bicho vai pegar", cantaram os torcedores, de pé, dezenas de vezes.
Quando o alto-falante
anunciou a volta do atacante
aos gramados, Romário foi
cercado por repórteres e só
conseguiu entrar em campo
quase cinco minutos depois.
"Meu pai está vendo lá do
céu", disse, antes de abraçar o
companheiro substituído.
A cada toque na bola, aplausos. Um chute a gol, bola fora.
"Uuuuhhhhh." O autor de
mais de mil gols -segundo
sua própria contagem- não
marcou. Mas, após o jogo, foi
cercado por torcedores, ergueu a taça e chorou ouvindo
o público entoar seu nome.
Com o craque já no vestiário, a torcida passou a cantar,
imaginando o retorno aos
anos de glória. Romário, por
sua vez, deve voltar a campo
no próximo jogo, o último do
torneio, em que o América,
campeão e com o acesso garantido, pega o Sendas fora.
Texto Anterior: Tático: Em Itu, time aprimora fundamentos Próximo Texto: Felipe cita 2007 e quer se vingar do Flamengo Índice
|