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OLIMPÍADA
Brasileiros com dupla nacionalidade tentam vaga na Olimpíada de 2004 sob a bandeira de sua "outra" nação
Fora da pátria, radicados buscam Atenas
GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O português, às vezes enferrujado, justifica a nacionalidade. Mas,
quando o assunto é a participação
na Olimpíada de 2004, um punhado de atletas que resolveram radicar suas carreiras no exterior nem
quer saber do Brasil.
O país tem hoje pelo menos sete
esportistas de ponta que podem
assegurar uma vaga nos Jogos de
Atenas por sua "outra" pátria.
A modalidade com número
mais representativo de exilados é
o pólo aquático. Três brasileiros
defendem hoje seleções mais gabaritadas no cenário internacional -Espanha, Austrália e EUA.
Quem puxou a fila foi o carioca
Ricardo Perrone, o Kiko. Em
2001, com 25 anos, ele temia encerrar a carreira sem disputar
uma Olimpíada. Lembrou, então,
que sua avó havia nascido na Espanha, tirou um passaporte e decidiu jogar e viver em Barcelona.
Na primeira temporada, surpreendeu. Venceu a Copa do Rei,
a Liga Espanhola e se firmou como candidato a um posto na seleção. "O começo é sempre complicado. Os jogadores desconfiam,
acham que os brasileiros não sabem nada, mas logo consegui me
firmar", conta o atleta.
Kiko chegou a ser convocado
para o último Mundial, realizado
em agosto, mas acabou cortado
pouco antes do evento. "Ficar entre os melhores da Espanha não é
uma tarefa fácil. Sei que ainda há
tempo de ir para Atenas", explica.
Ele pode dividir essa angústia
pré-Olimpíada com um conterrâneo. O brasileiro Pietro Figlioli
também integra o elenco do clube. Sonha com um lugar na Grécia, mas sua luta é para entrar na
seleção australiana. Figlioli, 19, já
disputou alguns torneios pela
Austrália e busca inspiração na
trajetória do pai. Ele é filho do nadador paulista José Sylvio Fiolo,
que quebrou o recorde mundial
dos 100 m peito em 1968.
Quem completa a lista do pólo
aquático é Anthony Azevedo, o
principal artilheiro do time norte-americano. O selecionado é comandado por Rick Azevedo, seu
pai, que nasceu no Rio.
Na quadra
A seleção portuguesa de vôlei
que disputa o Pré-Olímpico Europeu a partir do próximo dia 5 é comandada por um paulistano de
33 anos. O meio-de-rede Ubirajara Pereira é o capitão da equipe e
joga por Portugal desde 1996.
Bira, como é conhecido, foi para
a Europa há 12 anos ao lado do
amigo e levantador Rogério, com
quem atuava no Palmeiras.
"Eu tinha 21 anos e era a primeira vez que jogaria no exterior",
contou. Cinco anos depois, recebeu o convite para vestir a camisa
portuguesa. Bira aproveitou a dupla nacionalidade, o fato de nunca
ter defendido a seleção adulta do
Brasil e encarou o desafio.
O principal teste dos portugueses acontecerá neste ano. Time
sem tradição, Portugal tem melhorado de nível nos últimos anos
com a chegada do técnico cubano
Juan Diaz. A equipe alcançou a
20ª colocação no ranking mundial graças ao oitavo lugar no
Mundial da Argentina, em 2002, e
ao 13º na Liga deste ano.
Missão mais complicada terá
outra brasileira que decidiu apostar na dupla cidadania para realizar o sonho de ir à Olimpíada.
Gisele Gavio montou uma parceria na areia para tentar representar a Itália e repetir o feito do
irmão famoso, o ponta Giovane,
ouro em Barcelona-1992.
A jogadora deixou o Brasil em
1990 com o fim do time da Pirelli e
foi morar na terra natal dos avós
para defender a equipe de Bergamo. Dez anos depois, decidiu
apostar no vôlei de praia.
"Meu objetivo é ser uma jogadora de potencial médio para alto.
Quero brigar com as melhores do
mundo", disse Gisele à época.
Sua parceria com Gaia Cicola é a
terceira do país mais bem posicionada no ranking mundial -as
duas melhores duplas, que serão
definidas em 2004, vão aos Jogos.
O trabalho mais árduo, contudo, será o do gaúcho Tomas Behrend. Número 104 na Corrida dos
Campeões, ele vai duelar com os
principais tenistas da Alemanha,
onde vive, pelo sonho olímpico.
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