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VÔLEI
Bruno, Luiz e Marcelo, juvenis promissores e filhos de destaques no país, fogem de comparações e buscam espaço próprio
Clãs proporcionam boom de levantadores
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A quadra faz parte de suas vidas
desde o berço. Quando crianças,
enfrentaram horas de sonolência
e ansiedade nas arquibancadas
dos ginásios a espera dos pais.
De tanto acompanhar treinamentos e jogos, acabaram escolhendo o vôlei como profissão. E
agora, quando começam a definir
o futuro, eles se vêem com a missão de conquistar seu posto e defender a nobre linhagem familiar.
Bruno, Luiz e Marcelo, três dos
maiores levantadores juvenis do
país, têm gravados no RG os sobrenomes de alguns dos mais importantes clãs do vôlei brasileiro.
Bruno carrega a responsabilidade em dose dupla: assina Mossa,
da mãe Vera, e Rezende, do pai
Bernardinho. É quem desperta
mais curiosidade entre os colegas.
"Um dia perguntei ao Bruno se
ele se sentia pressionado por causa do pai. Ele disse que alguns comentários às vezes o chateavam,
mas já se acostumou", conta Luiz.
Sua linhagem é menos conhecida do público, mas respeitada entre os profissionais. O vôlei sempre fez parte da família Zech Coelho. Os irmãos Sergio Bruno, Luiz
Eymard e Hélder foram destaques do Brasil nos anos 60, 70 e 80,
respectivamente. Luiz, pai do levantador, esteve em Munique-76.
O atleta compartilha também o
sobrenome com Henrique, meio-de-rede cortado por Bernardinho
às vésperas de Atenas-04. "Todos
conhecem meu pai. Quando comecei no Minas, ouvia muita
brincadeira por ele ser o supervisor do time. Sempre soube o que
acontecia nos bastidores do vôlei,
isso me ensinou muito", declara
Luiz, que segue no clube mineiro.
Marcelo, filho de Jorge Schmidt,
é outro que tem ligação profissional com o pai. O bicampeão da
Superliga comanda hoje o Novo
Hamburgo, equipe de Marcelo.
Bruno ainda mantém distância
do "quintal" do pai. Bernardinho
dirige o Rio de Janeiro, time feminino. O levantador da Unisul, porém, espera logo ser dirigido pelo
técnico mais vitorioso do país.
"Todos querem chegar à seleção. Não terei problema em ter
meu pai lá. Ele dá dicas, mas sei
que na quadra será profissional.
Todos vão encarar assim", crê.
Segundo eles, o fato de virem de
linhagem nobre não interfere em
seu relacionamento com o restante do grupo. O técnico da seleção
juvenil, Marcos Lerbach, deixa
claro que o sobrenome não influencia nem no dia a dia de trabalho nem na convocação.
Neste ano, no Sul-Americano,
ele cortou Marcelo e Bruno. Em
2005, na preparação para o Mundial, deve utilizar os quatro pelo
menos na preparação.
O grande trunfo dos atletas é a
altura -o mais baixo, Bruno, tem
1,90 m. "O biótipo deles é excelente. O vôlei moderno não dá espaço para baixinhos. Agora precisamos lapidá-los para o alto nível."
"Não importa de quem eles são
filhos, ganha a vaga quem estiver
melhor. O titular foi o Everaldo,
que não é filho de ninguém", diz,
referindo-se ao atleta do Suzano.
Para Lerbach, é natural que os
sobrenomes despertem atenção.
Mas ele crê que os pupilos já superaram a fase de comparações que
enfrentaram no início da carreira.
"Nunca serei como meu pai
porque não sou ele. Se escolhesse
outra profissão talvez enfrentasse
a mesma exposição por causa do
sobrenome", diz Bruno, que atua
na mesma posição em que o pai
foi prata em Los Angeles-1984.
"Ser pressionado por causa do
sobrenome me orgulha. Meu pai
foi um grande atleta", conta Luiz.
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