São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 2004

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VÔLEI

Bruno, Luiz e Marcelo, juvenis promissores e filhos de destaques no país, fogem de comparações e buscam espaço próprio

Clãs proporcionam boom de levantadores

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A quadra faz parte de suas vidas desde o berço. Quando crianças, enfrentaram horas de sonolência e ansiedade nas arquibancadas dos ginásios a espera dos pais.
De tanto acompanhar treinamentos e jogos, acabaram escolhendo o vôlei como profissão. E agora, quando começam a definir o futuro, eles se vêem com a missão de conquistar seu posto e defender a nobre linhagem familiar.
Bruno, Luiz e Marcelo, três dos maiores levantadores juvenis do país, têm gravados no RG os sobrenomes de alguns dos mais importantes clãs do vôlei brasileiro.
Bruno carrega a responsabilidade em dose dupla: assina Mossa, da mãe Vera, e Rezende, do pai Bernardinho. É quem desperta mais curiosidade entre os colegas.
"Um dia perguntei ao Bruno se ele se sentia pressionado por causa do pai. Ele disse que alguns comentários às vezes o chateavam, mas já se acostumou", conta Luiz.
Sua linhagem é menos conhecida do público, mas respeitada entre os profissionais. O vôlei sempre fez parte da família Zech Coelho. Os irmãos Sergio Bruno, Luiz Eymard e Hélder foram destaques do Brasil nos anos 60, 70 e 80, respectivamente. Luiz, pai do levantador, esteve em Munique-76.
O atleta compartilha também o sobrenome com Henrique, meio-de-rede cortado por Bernardinho às vésperas de Atenas-04. "Todos conhecem meu pai. Quando comecei no Minas, ouvia muita brincadeira por ele ser o supervisor do time. Sempre soube o que acontecia nos bastidores do vôlei, isso me ensinou muito", declara Luiz, que segue no clube mineiro.
Marcelo, filho de Jorge Schmidt, é outro que tem ligação profissional com o pai. O bicampeão da Superliga comanda hoje o Novo Hamburgo, equipe de Marcelo.
Bruno ainda mantém distância do "quintal" do pai. Bernardinho dirige o Rio de Janeiro, time feminino. O levantador da Unisul, porém, espera logo ser dirigido pelo técnico mais vitorioso do país.
"Todos querem chegar à seleção. Não terei problema em ter meu pai lá. Ele dá dicas, mas sei que na quadra será profissional. Todos vão encarar assim", crê.
Segundo eles, o fato de virem de linhagem nobre não interfere em seu relacionamento com o restante do grupo. O técnico da seleção juvenil, Marcos Lerbach, deixa claro que o sobrenome não influencia nem no dia a dia de trabalho nem na convocação.
Neste ano, no Sul-Americano, ele cortou Marcelo e Bruno. Em 2005, na preparação para o Mundial, deve utilizar os quatro pelo menos na preparação.
O grande trunfo dos atletas é a altura -o mais baixo, Bruno, tem 1,90 m. "O biótipo deles é excelente. O vôlei moderno não dá espaço para baixinhos. Agora precisamos lapidá-los para o alto nível."
"Não importa de quem eles são filhos, ganha a vaga quem estiver melhor. O titular foi o Everaldo, que não é filho de ninguém", diz, referindo-se ao atleta do Suzano.
Para Lerbach, é natural que os sobrenomes despertem atenção. Mas ele crê que os pupilos já superaram a fase de comparações que enfrentaram no início da carreira.
"Nunca serei como meu pai porque não sou ele. Se escolhesse outra profissão talvez enfrentasse a mesma exposição por causa do sobrenome", diz Bruno, que atua na mesma posição em que o pai foi prata em Los Angeles-1984.
"Ser pressionado por causa do sobrenome me orgulha. Meu pai foi um grande atleta", conta Luiz.


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