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Regra nova do vôlei falha e deve ser abandonada
Em teste, Golden Formula não aumenta significativamente a incidência de ralis
Meta de seus criadores era que 51% dos pontos fossem obtidos em contra-ataques, mas, no Mundial de clubes, percentual chegou a só 26%
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Testada no Mundial de clubes de Doha (Qatar), em novembro, a polêmica Golden
Formula -conjunto de regras
criado para dar mais volume de
jogo ao vôlei- não atingiu as
metas propostas pelos seus
criadores. Com isso, a possibilidade de torná-la oficial deve ser
descartada pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei).
A ideia de seus criadores, os
dirigentes do Qatar, era atrair
mais a atenção do público, uma
vez que, se a Golden Formula
fosse bem sucedida, haveria
mais ralis em uma partida.
Uma das principais metas
dos qatarianos era aumentar
para 51% a incidência de pontos obtidos em contra-ataques.
Mas, em um relatório produzido a partir das estatísticas do
Mundial de clubes, o percentual médio não chegou nem
perto: só 29% dos pontos surgiram após ralis. Nos jogos disputados sem a Golden Formula,
26% dos pontos, em média,
vêm de contra-ataques.
O tempo de bola em jogo em
cada ponto permaneceu praticamente o mesmo: a média subiu de 6s28 para 6s65.
O aumento é pouco significativo se forem consideradas as
mudanças profundas promovidas pela introdução das novas
normas, algo que irritou jogadores e técnicos, sobretudo
aqueles que foram ao Mundial.
Segundo a Golden Formula,
o primeiro ataque após cada saque só pode ser feito por um jogador que saltar do fundo da
quadra, antes da linha dos três
metros. Isso, contudo, só vale
para o terceiro toque da equipe
que estiver na recepção. Em
outras palavras, será permitido, por exemplo, que um levantador ataque no segundo toque.
O representante brasileiro
no Mundial, o Florianópolis, foi
um dos que mais criticaram a
Golden Formula. Apesar de ostentar o tricampeonato da Superliga, a equipe brasileira não
passou da primeira fase do torneio. Chegou a perder na estreia para a inexpressiva equipe
do Irã, o Paykan, que antes do
torneio havia treinado por dois
meses sob as novas regras.
Além do time brasileiro, quase todas as equipes do Mundial
relataram suas dificuldades de
adaptação. Em um seminário
promovido durante o torneio,
jogadores e técnicos demonstraram insatisfação com o fato
de que, sob a Golden Formula,
os jogadores do fundo acabam
sobrecarregados. E os centrais,
por sua vez, perdem sua função
no primeiro ataque.
Apesar das críticas, os dirigentes qatarianos consideraram que os resultados obtidos
com a nova experiência foram
considerados satisfatórios. Enviaram inclusive, no início do
mês, um relatório final à FIVB.
"Apesar de a maioria das
equipes não ter tido tempo de
treino para se adaptar ao novo
sistema, com exceção do Paykan, do Irã, que teve um desempenho espetacular, as estatísticas dos testes mostraram resultados positivos", disse Abdulla
Yousuf Al-Mal, presidente da
federação do Qatar, na carta
enviada à FIVB.
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