São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 2010

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TOSTÃO

Não dá para ser otimista


Mesmo com tantos problemas, dentro e fora do esporte, ainda tenho esperanças

NÃO DÁ para ser otimista com a Copa do Mundo no Brasil. Faltam três anos e meio, e ainda não existe um projeto definido nem orçamento para o Itaquerão, provável estádio do jogo inaugural. Ninguém sabe também de onde sairá o dinheiro, já que o projeto inicial do Corinthians era construir um estádio bem menor e somente para o clube.
Não dá para ser otimista ao ver a nova, numerosa e bem-vinda classe de consumidores, méritos do governo Lula, fazer longas dívidas, sem poupar nem adquirir bens duráveis, além de trocar o arroz com feijão, uma ótima combinação nutricional, pelo biscoito e refrigerante, como mostrou reportagem da Folha.
Não dá para ser otimista com a construção de vários "elefantes brancos", como os estádios de Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá, cidades que não têm um único time na Série A do Brasileirão.
Não dá para ser otimista quando vejo que, no bairro onde moro, há dezenas de restaurantes, bares, butiques e salões de beleza, mas não tem uma única livraria.
Não dá para ser otimista com os dirigentes de clubes, de federações e da CBF se perpetuando no poder, muitas vezes indiretamente, por meio de seus parentes, amigos, protegidos e parceiros.
Não dá para ser otimista ao constatar que o Brasil, com bom desenvolvimento econômico e avanço em várias áreas, outro mérito do governo Lula , melhorou pouco e continua com gravíssimos problemas nas áreas de transporte, segurança, educação e saúde pública.
Não dá para ser otimista quando vejo o futebol, cada dia menos prazeroso, lúdico e saudável, se transformando apenas em um grande negócio. Existe uma promiscuidade subliminar ou clara, que, progressivamente, vai sendo aceita como normal, como se fosse inevitável e fizesse parte do mundo moderno.
Não dá para ser otimista quando vejo tantos maus cidadãos, travestidos de benfeitores da humanidade, principalmente na época de Natal. A filantropia é bem-vinda, mesmo se for para apagar a culpa, porém o Brasil precisa muito mais de bons cidadãos do que de caridade.
Não dá para ser otimista, mas ainda tenho muitas esperanças.
Há muitas coisas boas acontecendo no esporte e na vida brasileira, como o surgimento de jogadores, como Neymar e Ganso, de grandes nadadores e de talentos em outros esportes, a melhoria de vida de grande parte da população e a presença de novos dirigentes de clubes com uma visão mais arejada do futebol.


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