Assim como muitos jogadores impressionam e depois decepcionam, outros vão além das expectativas

NA SEMANA PASSADA , escrevi sobre jogadores que impressionam no início de suas carreiras e não correspondem às expectativas. Quanto maior essa diferença entre o que se espera e o que é realizado, maior é a decepção.
Assim é também na vida. O que muitas pessoas são e têm são diferentes do que gostariam de ser ou ter. Quanto maior essa distância, mais aparecem frustrações, sentimento de culpa, baixa auto-estima e outros problemas.
Vivemos a dualidade entre o sonho impossível e o de se contentar com as coisas boas, ruins, simples, banais, habituais e também importantes do cotidiano.
Há também jovens atletas que atingiram um nível muito além das expectativas. Isso ocorreu pelos seus esforços e/ou porque foram mal avaliados ou pelo acaso.
Nas categorias de base do São Paulo e da seleção brasileira, Kaká não era grande destaque.
Enquanto os jovens habilidosos davam show, Kaká corria muito, era disciplinado e executava bem os fundamentos técnicos. Kaká evoluiu bastante, e a maioria não saiu do lugar.
Mesmo na época em que foi para o Milan, quando já era destaque do São Paulo e fazia parte da seleção, ninguém esperava que Kaká se tornasse o melhor do mundo.
Quando jogava no Mogi Mirim, formando trio com Leto e Válber, Rivaldo não era o mais elogiado. Foi uma surpresa ter se tornado o melhor do mundo.
Rivaldo era desengonçado e muito criticado quando jogava mal. Mas era preciso nas jogadas decisivas, além de ter gana para decidir as partidas. Rivaldo era melhor do que parecia. No Brasil, temos o hábito de achar que habilidade e talento são a mesma coisa. Rivaldo tinha extraordinário talento e uma habilidade comum.
Alguns jogadores evoluem aos poucos e se tornam craques depois de longos anos de carreira. Muitas vezes, isso não é percebido. É o caso de Juan. Ele é melhor do que a maioria dos mais badalados zagueiros europeus.
Independentemente da nacionalidade do atleta, parte da imprensa brasileira baba por qualquer jogador mediano que atue por um grande time da Europa.
Diferentemente de Kaká, Rivaldo, Juan e outros que foram muito além da expectativa, ao rever os teipes e lembrar os lances de alguns craques, como Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e outros, percebemos que eles já tinham enorme talento e que já realizavam quando eram muito jovens as mesmas belas jogadas que depois encantaram o mundo. Com o tempo, apenas mudou o nosso olhar sobre eles.

Dúvidas
Hoje tem clássico no Paulistão. Não sei até onde vai chegar o novo e modesto time do Corinthians -as maiores esperanças continuam sendo Dentinho e Lulinha-, nem se o renovado São Paulo vai continuar tão eficiente. Não sei ainda se Adriano é um grande atacante ou um atacante grande que finaliza muito bem nem se Acosta vai ser o xodó dos torcedores corintianos ou uma decepção.
Sei muito pouco sobre o que vai acontecer, menos ainda quem vai ganhar o clássico, apesar de o São Paulo ser melhor.


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