São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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A Olimpíada do Tibete

Organizado por fotógrafo, evento que visa ser marco político, e não esportivo, terá 11 dias de duração, 30 atletas e é bancado, em parte, com venda de calendários

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em termos de performance, é um evento bem mais fraco que os Jogos Abertos do Interior de São Paulo ou mesmo que as Olimpíadas Escolares do Brasil. Mas a expectativa da organização é que a primeira Olimpíada Tibetana da história seja um pequeno passo esportivo que represente um grande salto no campo político.
"Como o Comitê Olímpico Internacional não permitiu que o Tibete participe dos Jogos de Pequim como um país, com sua própria bandeira, resolvi organizar a Olimpíada Tibetana", diz o fotógrafo, produtor de eventos e promotor dos Jogos, Lobsang Wangyal.
Seu projeto é bem mais modesto que o chinês. Envolve apenas 30 atletas e dez eventos. "São 15 homens e 15 mulheres, que competirão em todas as provas. O regulamento é parecido com o do decatlo."
Serão 11 dias de evento, de 15 a 25 de maio. Mas o torneio só acontece nos últimos quatro. O período inicial será para treinos, ioga e passeios em Dharamsala -cidade indiana onde fica a residência do Dalai Lama e o governo tibetano no exílio.
Outra diferença entre a Olimpíada Tibetana e os Jogos de Pequim é o orçamento.
Enquanto os chineses devem realizar o evento mais caro da história, os exilados pela ocupação dos primeiros promoverão a disputa que for possível. Ainda que isso sacrifique os esportes eqüestres -competições de mais tradição no Tibete pré-invasão chinesa, em 1950.
"Aqui [em Dharamsala] não há cavalos. E meu orçamento não permite trazê-los. É só mais uma dificuldade da vida no exílio", explica Wangyal.
Ele conseguiu três empresas indianas (sem ligações com os movimentos de libertação do Tibete) como patrocinadoras.
E complementa o orçamento oferecendo réplicas das medalhas e calendários com suas fotografias pelo site do evento, o www.tibetanolympics.com.
Assim -e ainda se valendo de contatos que fez ao promover o "Miss Tibete"- conseguiu organizar até um revezamento de tocha olímpica. São 12 cidades em cinco continentes, com início marcado para quarta-feira, em Nova Déli, a capital indiana.
Estão na rota do revezamento locais como Sydney, Tóquio, San Francisco, Londres, Jerusalém e até a boliviana Sucre.
Como nas demais iniciativas, essa demandou adaptações. Assim, não há exatamente o transporte da chama. Wangyal remeteu a colaboradores tochas nas 12 cidades, e, em datas predefinidas, elas serão acesas e mostradas pelo mundo.
Ele conta que gostaria de comparecer a todos os centros, mas... "Veja este documento", diz, apresentando um livreto com um símbolo da Índia, que funciona como passaporte dos refugiados. "Está vencido há mais de um ano, e as autoridades indianas levam um ano para checar meus antecedentes criminais antes de renovar."


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