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A Olimpíada do Tibete
Organizado por fotógrafo, evento que visa ser marco político, e não esportivo, terá 11 dias de duração, 30 atletas e é bancado, em parte, com venda de calendários
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em termos de performance,
é um evento bem mais fraco
que os Jogos Abertos do Interior de São Paulo ou mesmo
que as Olimpíadas Escolares do
Brasil. Mas a expectativa da organização é que a primeira
Olimpíada Tibetana da história
seja um pequeno passo esportivo que represente um grande
salto no campo político.
"Como o Comitê Olímpico
Internacional não permitiu
que o Tibete participe dos Jogos de Pequim como um país,
com sua própria bandeira, resolvi organizar a Olimpíada Tibetana", diz o fotógrafo, produtor de eventos e promotor dos
Jogos, Lobsang Wangyal.
Seu projeto é bem mais modesto que o chinês. Envolve
apenas 30 atletas e dez eventos.
"São 15 homens e 15 mulheres,
que competirão em todas as
provas. O regulamento é parecido com o do decatlo."
Serão 11 dias de evento, de 15
a 25 de maio. Mas o torneio só
acontece nos últimos quatro. O
período inicial será para treinos, ioga e passeios em Dharamsala -cidade indiana onde
fica a residência do Dalai Lama
e o governo tibetano no exílio.
Outra diferença entre a
Olimpíada Tibetana e os Jogos
de Pequim é o orçamento.
Enquanto os chineses devem
realizar o evento mais caro da
história, os exilados pela ocupação dos primeiros promoverão a disputa que for possível.
Ainda que isso sacrifique os esportes eqüestres -competições de mais tradição no Tibete
pré-invasão chinesa, em 1950.
"Aqui [em Dharamsala] não
há cavalos. E meu orçamento
não permite trazê-los. É só
mais uma dificuldade da vida
no exílio", explica Wangyal.
Ele conseguiu três empresas
indianas (sem ligações com os
movimentos de libertação do
Tibete) como patrocinadoras.
E complementa o orçamento
oferecendo réplicas das medalhas e calendários com suas fotografias pelo site do evento, o
www.tibetanolympics.com.
Assim -e ainda se valendo de
contatos que fez ao promover o
"Miss Tibete"- conseguiu organizar até um revezamento de
tocha olímpica. São 12 cidades
em cinco continentes, com início marcado para quarta-feira,
em Nova Déli, a capital indiana.
Estão na rota do revezamento locais como Sydney, Tóquio,
San Francisco, Londres, Jerusalém e até a boliviana Sucre.
Como nas demais iniciativas,
essa demandou adaptações. Assim, não há exatamente o
transporte da chama. Wangyal
remeteu a colaboradores tochas nas 12 cidades, e, em datas
predefinidas, elas serão acesas
e mostradas pelo mundo.
Ele conta que gostaria de
comparecer a todos os centros,
mas... "Veja este documento",
diz, apresentando um livreto
com um símbolo da Índia, que
funciona como passaporte dos
refugiados. "Está vencido há
mais de um ano, e as autoridades indianas levam um ano para checar meus antecedentes
criminais antes de renovar."
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