São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

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JOGOS DE INVERNO

Líder histórica, Noruega termina competição em 13º no quadro de medalhas e agora busca explicações

Rainha da neve perde o trono em Turim

Jens Meyer/Associated Press
BIS Esquiadores disputam os 50 km cross country, prova que encerrou os Jogos de Turim. Como em Atenas-04, o ouro da "maratona" foi para um italiano, Giorgio di Centa, motivo de festa em todo o país

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior potência da neve, a Noruega tenta explicar o fiasco nos Jogos de Inverno de Turim, encerrados ontem. Favorita, a equipe não passou de um modesto 13º lugar no quadro de medalhas, com 2 ouros, 8 pratas e 9 bronzes.
Um choque. Ninguém tem tanta tradição em esportes na neve. O domínio do país foi construído desde a primeira edição dos Jogos, em Chamonix (Suíça), em 1924, onde foi o grande vencedor.
O país escandinavo também aparece na liderança do quadro histórico de medalhas, com 96 ouros, 102 pratas e 84 bronzes.
Há quatro anos, tudo correu dentro da normalidade. Em Salt Lake, a Noruega manteve a ponta (13 ouros, 5 pratas e 7 bronzes), batendo potências como os EUA, donos da casa, e a Alemanha.
Nos Jogos de Turim, a expectativa era que a colheita de medalhas fosse ainda maior. Não foi.
"Em 2002 a Noruega venceu tudo. Quatro anos depois, não ganhamos nada. Essa é a beleza da Olimpíada. Nem sempre vencem os mesmos países", comentou Grete Poiree, do biatlo.
Tetracampeã mundial e uma das estrelas da delegação, Poiree não conseguiu levar sua equipe ao pódio no revezamento 4 x 6 km -o time terminou em quinto.
Marit Bjoergen, uma das favoritas no cross-country, não escondeu a frustração após ser eliminada precocemente nas quartas-de-final. "Me tirem daqui", pediu.
Bjoergen dominou o esporte em 2005 e criou no público a expectativa que levaria vários ouros. Em Turim, apanhou forte gripe logo no início dos Jogos. Recuperada, não obteve nada melhor do que a prata na prova de 10 km.
Esses fracassos representam para a Noruega o mesmo que seria para o Brasil um fiasco na Copa do Mundo. O esqui do cross-country é o passatempo preferido do país, que é considerado o melhor do mundo na modalidade.
Diante disso, os jornais locais já alardeavam o fracasso ainda durante a disputa olímpica. "Os Jogos acabaram", estampou o "Aftenposten", um dos principais diários do país, quatro dias antes do encerramento do evento.
O infortúnio foi tanto que alguns atletas noruegueses que chegaram a Turim como favoritos a medalhas de ouro não conseguiram atingir nem sequer o local mais baixo do pódio.
Oystein Grodum deixou a pista após um decepcionante quarto lugar nos 10.000 m na patinação de velocidade. Perdeu o bronze por menos de três segundos.
Mesma colocação teve Kristin Steira nos 30 km do cross-country (espécie de maratona no gelo).
No curling feminino, a Noruega foi eliminada da final pela Suécia. Na luta pelo bronze, deu azar. Pegou o Canadá, maior potência do esporte (espécie de "bocha do gelo"), e somou outro quarto lugar.
A humilhação foi agravada pelo sucesso da arqui-rival e vizinha Suécia, que fez sua melhor campanha em Jogos de Inverno (7 ouros, 2 pratas e 5 bronzes). "Nunca fomos tão mal", lamentou Camilla Holth, da equipe de curling.


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